Eu sou a Marta.
E é como muito gosto que me assumo como Salesiana Cooperadora. Integro o grupo com sede no Monte Estoril, ligado às Filhas de Maria Auxiliadora. Fiz promessa no ano de 1990. Mas a minha vivência do Espírito salesiano é uma história que vem de muito mais longe! Com efeito, nascida e criada no Monte Estoril, é da Escola Salesiana de Manique que eu tenho a primeira referência do mundo salesiano. Foi na década de 70, que tive a felicidade de começar a descobrir a história fascinante de S. João Bosco, de quem me considero apaixonada. Guardo saudosa e grata memória dos educadores de então. Lembro especialmente os senhores padres Simão Pedro Cruz, Basílio Gonçalves e Cordeiro, este de saudosa memória. Não posso deixar de referir o diretor daquela altura, o senhor Padre Pacheco, tão afável, compreensivo e próximo. Estava sempre disponível para nos permitir uma escapadela à cozinha, onde podíamos comer fruta à vontade, apenas com um aviso que sempre nos fazia meio a sério, meio a brincar, mas que eu e as minhas colegas muito bem entendíamos. Dizia: “Ide, ide à cozinha; servi-vos à vontade mas… não me leveis os meus rapazes”; referia-se aos seminaristas, claro! Nós ríamos e lá íamos todas contentes.
Não há dúvida que aquele tempo de aluna na Escola Salesiana de Manique foi um tempo de céu! Mas a vida não permite que nos fixemos num tempo nem num lugar. A seu tempo, casei, dei lugar à vida profissional e também de esposa e de mãe. Todavia, mantive sempre laços de amizade com alguns dos salesianos educadores e com colegas que me acompanharam inclusive na celebração do meu casamento e no batizado da minha filha. No entanto,nessa altura, nem de longe, havia despertado em mim a vocação salesiana. Habitava-me, certamente, mas eu desconhecia esse dom. Sentia-me ligada afetivamente a alguns salesianos, nada mais que isso. Até posso considerar que existiu um certo afastamento devido às normais circunstâncias da vida.
Foi por ocasião da Primeira Comunhão da minha filha, presente maravilhoso de Deus, que a salesianidade voltou a ter mais cor na minha vida. Era Nossa Senhora a dar-me sinais mais visíveis de que me queria na sua família: a Família Salesiana que é uma família toda de Maria. Nessa ocasião Nossa Senhora começou a encaminhar-me para aquela que hoje considero a minha segunda Casa: a das Irmãs Salesianas no Monte Estoril. Mas o toque mais visível, a chama que mais me alertou para viver comprometida com Jesus como salesiana aconteceu durante e após uma peregrinação a Fátima, organizada pelas Irmas salesianas. No Santúário encontrei pessoas que há muito não via mas que continuavam a ser muito significativas para mim. Vivi e revivi emoções passadas, adormecidas no meu coração mas que continuavam a dar sentido à minha existência; apontavam para uma vida de maior espiritualidade e de maior entrega a quem é na verdade o meu Senhor: Jesus.
Foi com gratidão e enorme alegria que acolhi o convite que nessa altura me foi feito para ser Salesiana Cooperadora. Vendo o meu entusiamo quase infantil mas tão genuíno, as Ir. Antónia Diaz (Delegada FMA) e Rosa Rocha (diretora), de saudosa memória e também a Coordenadora Laura Cal não me deixaram margens para dúvidas. As três, com palavras diferentes mas a dizer o mesmo, insistiram que eu era chamada a ser Salesiana Cooperadora. Não precisei de pensar muito. Percebi claramente que o meu compromisso como cristã deveria ser vivido como salesiana. Sem demora, mas com empenho e convicção, iniciei a formação e fiz promessa de que muito orgulho. Foi no dia onze de fevereiro. Senti esse momento como um novo nascimento, uma graça de Deus e um empenho acrescido a ser no mundo o braço longo de S. João Bosco, a realizar a obra de Maria em favor da juventude, especialmente a mais pobre e abandonada.
Desde que me tornei Salesiana Cooperadora, tenho procurado viver a espiritualidade e a missão próprias do Carisma, de acordo e em comunhão com o grupo de que me sinto verdadeiramente pertença. Dá-me uma alegria imensa a participação no grupo de oração mensal, procuro estar presente de forma ativa e responsável nas reuniões periódicas, nos convívios e em todas as atividades programadas. Participo nas ações de solidariedade promovidas pelo grupo. Gostei muito de acompanhar uma jovem no seu estágio com vista a um curso profissional. Sinto-me extremamente feliz e disponível.
Ponto alto da minha vivência salesiana foi o acolhimento de S. João Bosco que nos visitou, nas suas relíquias, em 2012. Tive a graça de integrar o grupo de acolhimento do Centro a que pertenço e vivi intensamente todos e cada um dos momentos. E cada um foi mais belo que o outro. D. Bosco estava ali,verdadeiramente. Senti-o presente e vivo. A sua passagem pela nossa terra, pelas nossas casas deixou marcas no meu coração e revigorou a minha vontade de permanecer fiel a esta vocação que procuro cultivar e agradecer na oração, na escuta e meditação da Palavra de Deus, na entrega aos meus irmãos, em comunhão com os membros do grupo local a que pertenço e com a comunidade religiosa, ao serviço da Igreja para bem da sociedade.
Sinto-me agradecida a Deus que me chamou, à Santíssima Virgem Auxiliadora que me leva pela mão e a quem rezo diariamente o terço, aos salesianos que me têm acompanhado, também aos que já partiram e, de forma especial, às Irmãs e aos Senhores Padres Salesianos que sempre me acarinham e a quem peço oração sempre que me encontro em alguma situação mais difícil. E, devo dizer, as graças são-me concedidas. Glória Deus! Nossa Senhora me cubra sempre com o Seu manto e a quantos amo.
Marta da Silva Antunes
Salesiana Cooperadora