Sílvio Monteiro, Salesiano Cooperador do Porto, esteve presente, pela primeira vez, nas Jornadas de Espiritualidade da Família Salesiana. Destacando a experiência como “positiva e enriquecedora” foi também, na sua opinião, um momento para “recarregar baterias” e ter a perceção, da “universalidade do nosso carisma e o nosso papel na Igreja”.
Como descreve a experiência de participar nas Jornadas de Espiritualidade da Família Salesiana? Foi a primeira vez que esteve presente?
Sim, foi a primeira vez que tive esta oportunidade de participar nas Jornadas de Espiritualidade da Família Salesiana. A experiência foi muito positiva e enriquecedora. Já participei em alguns encontros internacionais salesianos, mas de facto, este é diferente. Também por ter sido em Turim, em plena “terra santa salesiana” foi, também, uma oportunidade para recarregar baterias e ter a perceção, mais uma vez, da universalidade do nosso carisma e o nosso papel na Igreja.
O que mais o impressionou?
Impressionou-me o ambiente de familiaridade entre todos, a atmosfera leve e, ao mesmo tempo, capaz de refletir sobre temas mais profundos relativamente à Família Salesiana.
Outra coisa que me impressionou foi o facto de ter voltado a ver, e a estar, com bastantes amigos que fiz no seio do Movimento Juvenil Salesiano. É realmente bonito perceber que aquele espaço de referência é também um lugar onde as vocações crescem e dão frutos.
Sabemos que esta foi a última vez que o Cardeal Don Ángel Fernández Artime, participou como Reitor-Mor. Que balanço faz da participação do Cardeal neste encontro?
D. Ángel esteve ao seu estilo: humano, próximo e descontraído, mas também foi incisivo na forma como abordou o que significa ser da Família Salesiana, no lugar central que os jovens têm de ocupar na nossa ação apostólica e na presença que devemos ter entre eles.
Na Boa Noite que deu, depois do convívio final, foi muito transparente. Disse que estava, verdadeiramente, triste por deixar o dia a dia da congregação, mas, ao mesmo tempo, tranquilo para encarar o novo serviço que o Papa lhe pediu. Esteve todo o encontro com uma postura paternal.
O que reteve da apresentação feita pelo Reitor-Mor do Lema para este ano?
O que destaco é a atualidade do “Sonho dos 9 anos”, de D. Bosco. É um sonho profético, totalmente vocacional, com tantos detalhes e, ao mesmo tempo, tão simples que só pode, de facto, ser obra de Deus e que ainda hoje tem muito para nos dizer enquanto Família Salesiana. Realço, também, o apelo do Reitor-Mor para não ficarmos, apenas, pela história, contada e escutada 1001 vezes, mas, sobretudo, para estarmos impelidos a continuar o sonho, hoje, na nossa realidade, enquanto herdeiros de um sonhador.
Participou, ativamente, neste encontro, enquanto apresentador e tradutor, como surgiu este convite?
O convite surgiu através do conselheiro mundial dos Salesianos Cooperadores para a região ibérica, o Borja Pérez. Tenho um vínculo já de alguns anos com ele e por ele saber que eu tinha desempenhado, recentemente, um papel semelhante no Fórum do MJS, na Jornada Mundial da Juventude, recordou-se de mim e lançou o convite que eu, com muita honra, aceitei.
Enquanto SSCC sentiu, durante este encontro, a união – que tanto foi falada ao longo de todo o encontro – entre todos os grupos da Família Salesiana? O que faz com que grupos e pessoas tão distintas, como as que compõem a Família Salesiana, vivam este ambiente de união?
Sem dúvida. Esta sensação já a tive muitas vezes e aquece o coração. Tantas línguas, tantos contextos culturais diferentes e, no fim do dia, a mesma linguagem: o “salesianês”. Neste momento existem 32 grupos na Família Salesiana; obviamente é difícil ter um conhecimento detalhado de cada um deles, mas sente-se que há uma “cola” a unir todos, uma vontade de colocar em prática – de diferentes maneiras, em diferentes locais – a espiritualidade salesiana. A base comum é muito sólida.
Na sua opinião, o sonho de Dom Bosco continua vivo, entre nós?
Sem dúvida, absolutamente, nenhuma. A resposta é até fácil: o sonho de D. Bosco somos nós. Naquele “Sonho dos 9 anos”, umas vezes lobos, outras cordeiros, esteve cada um de nós que tem esta chama, de ser portador do amor de Deus aos jovens.
Quem são os “lobos” atualmente para os nossos jovens?
Para mim existem dois lobos, absolutamente, ferozes: a indiferença e o individualismo. À primeira vista até parecem algo contraditórios, mas estão intimamente relacionados. A indiferença e o relativismo fazem com que tudo pareça igual e quando assim é os jovens acabam por se fechar em si mesmos, não deixando espaço para relações de confiança com os outros e, claro, com Deus.
Qual o nosso papel, enquanto elementos da Família Salesiana, no combate a estes “lobos”?
Vou usar uma expressão que escutei do nosso Reitor-Mor: para combater estes lobos temos de investir e praticar o “Sacramento Salesiano da Presença”, isto é: acompanhá-los nos diferentes momentos da sua vida… Não com uma atitude controladora, mas com consistência e temperança e estar presentes na vida dos jovens, sendo modelos e testemunhas – mesmo com falhas – de Jesus Cristo.
Um propósito para este ano, em que somos guiados pelo “sonho”….
Que todos tenhamos a “pressa apostólica” de D. Bosco que, quando achava que tinha nas mãos algo que era um desígnio de Deus, não descansava até o conseguir.