Pertencer à Família Salesiana é um dom magnífico do amor de Deus para com cada um de nós! E não o escrevemos por ser uma bonita frase ou um subtil auto elogio, mas pela necessidade que se sente de agradecer humildemente a Deus esse mesmo dom. Somos membros da Família Salesiana e essa realidade engrandece-nos e responsabiliza-nos. Pertencer a este tão vasto movimento de amor sincero a Deus através dos jovens; sentir-se irmão no carisma salesiano de tantas e diversas pessoas de todo mundo, confunde-nos ao confrontar a nossa individual pequenez com a grandeza que se adquire ao pertencer a tão grande família espiritual! Somos Família Salesiana! E somos levados a pensar como é que tudo isto nasceu. As circunstâncias não são humanamente eloquentes, porque a necessidade, por mais nobre que seja, leva sempre ao pedido, ao encontrar recursos, ao buscar soluções. As necessidades de D. Bosco eram nobres: ir ao encontro dos jovens, espiritual e materialmente pobres. E eram muitos e muitos! E eram verdadeiramente pobres! E D. Bosco necessitava de ajudantes, de muitas mãos estendidas em ajuda. E um grupo de jovens alunos dá o passo em frente; e um grupo de jovens senhoras também o dá; e um grupo de ajudantes indiferenciados, mas generosos, também o dá. E poderíamos continuar a narração das generosidades que foram muitas, com o único objectivo: salvar a juventude tão necessitada em tantos aspectos. E os filhos aprenderam o segredo do Pai comum e chamaram outros a acorrer a mais necessidades do Carisma. E assim nasce a Família Salesiana, resposta generosa à Igreja na porção tão querida que é a juventude pobre e abandonada. Cada vez mais!
Acontece, no entanto, que o deslumbramento pode tirar-nos a humildade no serviço e na disponibilidade; pode mesmo fazer-nos perder o sentido da nossa existência como Família que deve crescer para poder fazer mais. Por vezes, parece que não se cuida muito da necessidade deste crescimento que não é apenas numérico, mas espiritual e carismático. Necessitamos de crescer por dentro, cuidar da nossa saúde espiritual, investir na unidade, na aceitação do outro, no diálogo que constrói e mobiliza. Temos muita acção, muitos projectos, inadvertidos sonhos de grandeza. Copiamos demasiado a Marta do Evangelho, porque achamos que a atitude de Maria não leva a grande coisa. Talvez estejamos a esquecer que D. Bosco sempre nos quis como evangelizadores dos jovens com uma mensagem clara para lhes levar: o Amor Misericordioso de Deus! Foi por isso que D. Bosco deu a vida! Tudo o mais que poderia fazer estava submetido a esse sublime objectivo. A sua alma era tão grande, a sua mente era tão lúcida que achou despiciendo tudo o resto.
Somos Família Salesiana. E depois?
Todos os ramos desta árvore frondosa, ligados pelo tronco comum, por onde corre a seiva dum carisma apostólico sabem que o essencial da sua missão é evangelizar, evangelizar, evangelizar! A Família Salesiana não existe por outra razão. E o seu crescimento, como família, tem aqui o segredo. Parece-me, humildemente, que tudo aquilo que possamos fazer mais, deve ser em vista de uma evangelização mais profunda e abrangente. Os jovens de ontem e os de hoje querem razões de vida sinceras e profundas. A única razão de vida sincera e profunda que poderemos oferecer-lhes é aquela que, certamente, já é nosso património: Jesus Cristo, Misericórdia do Pai!
Pertencer à Família Salesiana é um dom a agradecer sempre; é um desafio à santidade da vida; é uma dádiva a oferecer aos jovens numa entrega de vida generosa, levando-lhes o maior e melhor tesouro que possuímos: D. Bosco!