Maria, Mãe de Jesus, pôs toda a sua fé em Deus e colocou-se inteiramente à disposição da obra de Deus. Isabel, sua prima, proclamou-a “feliz” porque acreditou nas palavras que lhe foram ditas da parte de Deus (Cf. Lc 1,45). E até hoje nós agradecemos a Maria, porque Ela acreditou, e A proclamamos “bendita entre todas as mulheres”!
Atenta a tudo, Maria soube fazer silêncio, escutar e refletir no seu coração. Assim o fez, desde a Anunciação do Anjo Gabriel, em que a sua primeira atitude foi de escuta da vontade de Deus. Em seguida, de acolhimento: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38). O seu “sim” a Deus despertou a esperança para a humanidade.
No nascimento de Jesus, envolvida no mistério daquela noite, apesar de todas as dificuldades, manteve-se serena. No fecundo silêncio da Gruta de Belém, só ela, iluminada pela luz do Menino, tinha a certeza que Ele era o Filho de Deus. Enquanto os pastores contavam que viram os anjos anunciando: ‘nasceu o Salvador! ‘, a Mãe já sabia. Tudo lhe foi sendo revelado, meditado e acolhido. Como diz o evangelista: “Maria guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração”. (Lc 2, 19)
Numa outra passagem do Evangelho, recordamos a perda e o encontro de Jesus no templo. “Porque me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai!” (Lc 2, 49). Novamente, Maria guarda no coração, todas as coisas e identifica a vontade de Deus. Meditando os mistérios da vida, caminhando na fé, vai construindo uma forte relação com Deus, inegavelmente já grande, pois foi a escolhida para gerar Jesus, como anunciou o anjo Gabriel: “Encontraste graça diante de Deus…”.
Mas foi no Calvário que a sua fé atingiu o ponto mais alto. Estar de pé aos pés da cruz é uma atitude que expressa a virtude da fortaleza de Maria. Neste gesto, Maria está à frente da mais difícil prova ao ver a morte do seu Filho, e oferecer-se juntamente com Ele ao sacrifício, numa entrega total de vida para salvar, para remir uma humanidade pecadora!
Com Maria, e como Maria, renovamos, neste tempo de pandemia, a nossa opção pelos pobres, com um amor eficaz, que possa restaurar a convivência entre todos.
A Cruz de Jesus Cristo e o silêncio de Maria desafiam-nos a participar no contágio do amor: ensinam-nos a olhar sempre para o outro com misericórdia e ternura, ensinam-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro de todas as pessoas e lhes estender a mão.
Maria José Barroso
Coordenadora Provincial ASC