O Caminho Formativo que a ADMA Primária nos propõe este mês tem como tema “Filhos no Filho Criados à Imagem de Deus. A confiança em Deus.”
Confio em Deus incondicionalmente? Sigo o exemplo de Maria nossa Mãe que deu o seu sim sem reservas, ainda antes de perceber realmente o mistério que lhe era anunciado? Deixo-me guiar pelo Espírito Santo sempre que tenho de tomar decisões difíceis?
Ter confiança em Deus é despirmo-nos da nossa carapaça de orgulho e autossuficiência e vestirmo-nos de humildade e confiança que Deus sabe sempre o que é melhor para nós. É fácil de dizer ou escrever, mas na vida real não é tão fácil de viver. Se atentarmos nas nossas orações e súplicas o que pedimos para nós? Saúde, bens terrenos, estabilidade na vida? São pedidos legítimos do ponto de vista humano, mas serão de facto bons para mim do ponto de vista do Pai e do Seu projeto para mim? Quando pedimos que um familiar ou amigo gravemente doente recupere a saúde, será que os planos de Deus para essa pessoa estar no braços do Pai, não passarão pela sua doença e até a morte? Sendo legitimas as nossas orações e súplicas não deveríamos imitar Maria no seu sim e o próprio Jesus e colocar sempre a premissa, “Faça-se a Tua Vontade…”. E acrescentar sempre a cada oração de suplica um pensamento, “se este é o Teu plano Pai” ou “se esta é a Tua vontade”?
Em Mateus 18, 2-4, o evangelista põe nos lábios de Jesus aquelas famosas palavras:
“Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: “Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos Céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos Céus”
Jesus não nos pede para ficarmos crianças ou permanecermos crianças, quer que nos tornemos crianças, sendo que, tornar-se, significa um processo de crescimento ao longo da nossa vida, um verdadeiro processo espiritual que nos conduzirá a uma confiança cada vez maior em Deus, com um coração que Nele repousa e Nele se abandona, como uma criança confia em seus pais tão segura do seu amor por ela.
Maria e Jesus são um exemplo duma confiança sem limites em Deus pai, é a Sagrada Escritura que no-lo diz, Maria com o seu sim: “Eis a serva do Senhor: faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38), Jesus no Getsêmani (cf. Lc 22,42: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Todavia não seja feita a minha, mas a tua vontade”) e na cruz (cf. Lc 23,46: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”).
O Lema do Reitor Mor para 2022 convidou-nos a conhecer melhor a figura de São Francisco de Sales no 400.º aniversário da sua morte, o Lema cujo título “Faça tudo por amor, nada por força” foi retirado duma carta de São Francisco de Sales, em que o Santo escrevia em letras grandes FAÇA TUDO POR AMOR, NADA POR FORÇA; É MELHOR AMAR A OBEDIÊNCIA DO QUE TEMER A DESOBEDIÊNCIA (Carta CCXXXIV. À Baronesa de Chantal, 14/10/1604, OEA XII, 359.). A obediência à vontade do Pai como expressão de amor e confiança totais.
Estamos a iniciar o período do Advento em que somos convidados a preparar o nosso coração para receber Jesus o Menino Deus, filho de Deus Pai, que teima em vir para nos salvar, nunca desiste de nós, dando a sua vida por nós na cruz. Como está a minha vida? confio o suficiente em Deus Pai, deixando o meu coração liberto de tanta coisa, tanto ruido, que me impede de ouvi-lo, amá-Lo, confiar n’Ele sem reservas? Nas minhas orações e súplicas entrego-me à vontade de Deus e aos Seus planos para mim, ou peço aquilo que do ponto de vista humano pretendo de uma forma egoísta? Em que ponto me encontro na minha caminhada para me tornar criança nos braços do Pai? Tenho em Maria o modelo humano de oração silenciosa, fé e obediência à vontade do Pai?
Estas e outras interrogações podemos fazer pedindo a nossa Senhora, que veneramos como Auxiliadora dos Cristãos, que nos ajude a preparar um lugar no nosso coração em que seu Filho possa habitar sentir-se acolhido e amado.
Um Santo período de Advento.
Rui Filipe Vieira | Presidente Nac. ADMA