FMA | Educadoras por vocação. Um estilo especial?

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Venho partilhar a experiência que fizemos no domingo passado na Peregrinação a Mornese on-line.

O objetivo daquele encontro da Família Salesiana, nos cinco continentes, nesta celebração dos 150 anos das FMA, foi precisamente descobrir como educava Madre Mazzarello e as suas companheiras, isto é, a primeira comunidade das Filhas de Maria Auxiliadora.

A característica específica das FMA é esta:  Somos chamadas para sermos educadoras segundo o estilo de S. João Bosco e S. Maria Mazzarello. Que estilo é esse?

Vejamo-lo vivido pela comunidade das origens. 

Escreveu a diretora da atual Comunidade em Mornese: “A primeira era uma comunidade aberta, entusiasmada, empenhada em viver o Evangelho radicalmente: uma comunidade alegre e acolhedora e que colaborava com a ação de Deus”.

Eis um de três casos concretos que nos reportaram com base na Crónica da casa:

Chegou a Mornese, com a sua irmã Olivia, no dia 7 de dezembro de 1877, a jovem Emma Ferrero, nascida em Turim. Tinha 18 anos. Depois de sofrer um revés de fortuna, o pai já não podia mais conceder à filha a vida luxuosa na alta sociedade e pediu ajuda a D. Bosco.

Emma consentiu em ir para Mornese e, assim, subtrair-se à vergonha da pobreza. A Crónica da casa anota: “É uma educanda que dá que fazer” … “Tem a revolta na alma … é cortante e irónica quando o assunto é religioso … come pouco, dorme quase nada; não trabalha, não reza; está sempre irritada, sempre apressada, sempre irremovível; não se preocupa com nada que não seja o seu baú”.

Madre Mazzarello, atenta a todos os sinais, interceta uma proposta de fuga, intuindo o grande perigo.

A Irmã Enrichetta Sorbone, a assistente, que acompanha as alunas, tenta orientá-la, por todos meios, mas não consegue obter nada dela; consegue somente suscitar a inveja das companheiras. 

Madre Mazzarello compreende que é necessária uma metodologia diferente e decide confiar Emma à Irmã Emília Mosca, a coordenadora escolar. A Ir. Enrichetta aceita a ajuda fraterna. Os primeiros frutos não tardam a aparecer. Emma promete à Irmã Emília que se confessará: “Ainda fala pouco, mas dispõe-se de boa vontade a quem lhe pede um favor, demonstra um apego especial ao seu baú, muitas vezes volta a ele com nostalgia, mas, tomada por uma espécie de revolta, devolve tudo para o seu interior”. E a crónica continua dizendo que Emma “quase não participou das festas das educandas por ocasião do carnaval, mas parece ter abandonado aquela atitude desdenhosa de tempos atrás …” 

Quando D. Cagliero, enviado por D. Bosco como Capelão, chega a Mornese, pede-lhe o Sacramento da Reconciliação. Entretanto em maio e junho de 1878 começa a fazer progressos na vida espiritual. “Já não recorre mais ao baú … humilha-se. Não faz mais caprichos, nem cara feia; passa o dia todo no tear, ativa e feliz. No recreio entretém-se alegre com as companheiras e com a Ir. Enrichetta, sem já se refugiar na contemplação dos pequenos ídolos do baú.

Presta muita atenção às exortações da assistente, que na boa noite, prepara as jovens para um novo dia de amor operoso à Santíssima Virgem Maria. Madre Mazzarello envolve toda a comunidade numa caminhada espiritual, juntamente com as alunas.

 Um dia, Emma entra num buraco, deita-se e exclama: “Podeis cobrir-me de terra: não mereço outra coisa”. Todas compreendem que o que Emma faz não é brincadeira nem para dar nas vistas.

Então, “não sabendo como libertar-se do chamamento de Deus à vida religiosa, decide o seu futuro com um arroubo de santa”: arrasta o seu baú para o meio do pátio e aí coloca fogo em tudo. 

No dia 6 de julho de 1878 começa a sua caminhada formativa para chegar à Profissão Religiosa. A 20 de agosto é aceite como noviça, mas a sua saúde dá sinais de fraqueza. A sua doença será breve, mas o sofrimento intenso. Num momento de plena lucidez, alguém lhe pergunta se prefere viver ou morrer. Ela responde: “Tanto faz: se vivo, vivo para Jesus, se morro, morro por Ele”. D. Cagliero assiste-a e pergunta-lhe se deseja ir para o paraíso e unir-se a Jesus. A resposta é um afetuoso: “Sim, Padre! ” Fixa o Crucifixo que ele lhe mostra, inclina a cabeça e morre depois de apenas dois anos de vida religiosa. É o dia 1.° de março de 1880. 

A santidade pedagógica de Madre Mazzarello e da sua comunidade deram os seus frutos.

Os outros casos, também apelativos, ficam para outra vez. A unidade da Comunidade, pelo caminho da oração e do respeito pela adesão pessoal, sem deixar de propor metas dá os seus frutos, porque o grande educador é Jesus Cristo, assessorado pela sua mãe, Maria Auxiliadora.

Que o Espírito de Deus nos ilumine para conduzirmos as crianças e os jovens para a verdadeira felicidade.

Ir. Maria Fernanda Afonso
Delegada FMA para a Família Salesiana