FMA| Art.º 14 da CICFS – Missão Carismática na Igreja e para a Igreja

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Voltando, no final deste ano, à Carta de Identidade Carismática da Família Salesiana, no Capítulo sobre a Missão, fui efectivamente confrontar, com os art.º 14 a 21, quanto escrevi há dois meses. 

Tentando apresentar por minhas palavras a missão da Família Salesiana, comecei por dizer:  “A Família Salesiana nasceu da fidelidade de S. João Bosco à Missão que Jesus confiou aos seus discípulos quando subiu ao Céu, isto é, quando voltou para o Pai, sem deixar de estar connosco, pois Ele mesmo disse: «Ficarei convosco todos os dias até ao fim dos tempos» e acrescentou: «Ide a todas as nações, ensinai o que vos tenho dito e batizai em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo».

Este aspeto encontra-se bem desenvolvido no Art.º 14, intitulado, Missão carismática na Igreja e para a Igreja. Em primeiro lugar faz-nos entender donde vem a missão de qualquer cristão: «A missão da Igreja brota da livre iniciativa do Pai, passa através do mandato de Jesus Cristo e é perpetuada por obra do Espírito Santo. É única e confiada a todos os membros do povo de Deus, em força do Batismo e do Crisma». Sendo a missão da Igreja, um fruto da ação do Espírito Santo, esta manifesta-se de diferentes formas, de acordo com as necessidades dos tempos. Ao dom do Espírito que se manifesta assim de formas diferentes damos o nome de carisma, como continua o Art.º 14, referindo-se ainda a toda a Igreja «Especiais carismas do Espírito levam-na a atuar com modalidades diversas em relação a destinatários diferentes». 

Se a ação do P. João Bosco fosse necessária só para aquele tempo e fosse uma ideia apenas do próprio D. Bosco, ela teria terminado com ele, mas os acontecimentos manifestaram como a sua vida e missão foi obra do próprio Espírito Santo para uma particular modalidade de corresponder ao mandato de Jesus: «Ide e fazei discípulos!».

Continuemos a ler o Art.º 14: «A missão de D. Bosco e da sua Família espiritual insere-se na comum vocação cristã ao apostolado. Mas, visto responder a um dom espiritual, ela é de origem carismática: é o Espírito do Pai e do Senhor Ressuscitado que, como no passado enviou D. Bosco aos jovens e às camadas populares, no decurso da história continua a enviar os seus filhos e as suas filhas espirituais a perpetuar o seu apostolado juvenil, popular e missionário».

Esta caracterização da missão vai ser desenvolvida mais adiante. E sendo uma missão, significa que há alguém que envia e alguém que é enviado. É sempre o Espírito de Deus que envia, mas como se percebe essa vontade de Deus? 

Continua o Art.º 14: «Tal envio particular é mediado, entre outras coisas, pelos sinais dos tempos. Para nós, as necessidades e as expetativas, as aspirações e as exigências espirituais, especialmente da juventude pobre, da gente simples e dos povos ainda não evangelizados, são sinais através dos quais o Espírito, na mudança dos acontecimentos e nos diferentes contextos sociais e culturais, chama e envia os vários Grupos da Família Salesiana a desempenhar a sua missão». 

É, portanto, perfeitamente inseridos na Igreja e atentos aos sinais de Deus que todos nós, membros da Família Salesiana somos enviados para a missão que chamamos “SALESIANA”, como diz o Art.º 14: «desempenhando-se na Igreja e para a Igreja, submete-se à aprovação da sua autoridade e à sua legislação, pela qual a missão carismática se insere no harmónico desenvolvimento da ação eclesial aos vários níveis.» 

E deixo o resto do Art.º 14, ainda para outra vez. Como se vive quanto reflectimos sobre este Art.º 14?

Eu direi que se vive na medida em que a nossa relação pessoal com Deus passa por encontros verdadeiros com a pessoa de Jesus, deixando-nos permear dos seus sentimentos; passa por uma confiança profunda no amor de Deus Pai e por isso, por uma serenidade que nos vem da Esperança que o Seu amor deposita nos nossos corações e por uma cada vez maior docilidade ao Espírito Santo para que aquilo que observamos à nossa volta possa dar-nos as inspirações necessárias para correspondermos aos seus sinais. Isto exige uma atitude de muita humildade e comunhão pois Deus se manifesta através de muitos sinais e de muitas pessoas. 

Bom descanso no amor de Deus.

Ir. M.ª Fernanda R. Afonso | DNFS