TALITHA QÛM | FS

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ao jeito de formação

Jairo, um personagem do Evangelho de Marcos, tem uma filha de doze anos que seria, certamente, o amor da sua vida. Acompanha com muita dor o evoluir da sua doença e pressente-lhe a morte iminente. Sente-se impotente para parar o evoluir da enfermidade, depois de consultar muitos médicos. Humanamente falando, nada tinha resultado. Jesus de Nazaré é a sua última esperança e Jairo vai ao seu encontro para lhe implorar a cura da filhinha. De joelhos e com insistência, implora-Lhe: «a minha filha está a morrer. Vem impor-lhe as mãos para que se salve e viva». Jesus vai com ele… e antes de chegar a sua casa, recebem a notícia da efectiva morte da filha. Dizem a Jairo que não importune mais a Jesus, que contesta dizendo: «Não tenhas medo, basta que tenhas fé». Lá em casa já havia alvoroço, choro, gritos e incrédulos que se riem de Jesus por ter dito que a menina não tinha morrido, mas dormia. Depois vem o gesto da misericórdia: «Menina, Eu te ordeno, levanta-te». E acontece o milagre da fé persistente.

Figuras como a de Jairo aparecem no Evangelho com frequência. Recordemos o centurião romano que pede a Jesus a cura do seu servo. São figuras paradigmáticas do poder da fé, essa fé que tantas vezes nos falta para alcançar os milagres de que necessitamos. Assistimos impotentes à proximidade da morte de tantos dos nossos entes queridos; assistimos impotentes ao paulatino definhar das obras nas quais pusemos tantas esperanças e ilusões; assistimos desanimados á partida dos que um dia trabalharam connosco e nos deixaram entregando às nossas poucas forças a missão do anúncio do Evangelho de Jesus. E perguntamo-nos o que fazer, sem encontrar soluções eficazes. Procuramos médicos milagreiros para os nossos doentes; multiplicamos discernimentos e reuniões onde buscamos soluções sem as encontrar; inventamos mil e uma maneiras de chamar novos anunciadores e construtores do Reino. Não se pode dizer que não façamos o possível e nos parece ser o melhor. Mas ficamos com a sensação de que o que fizemos não está a resultar e, muitas vezes, resignamo-nos.

A solução verdadeira está na atitude de Jairo e do centurião romano. Também eles fizeram tudo o que estava ao seu alcance, humanamente falando. Não chegou. A última solução seria Jesus, o Profeta de Nazaré. Buscam-nO e expõem-Lhe os seus problemas. De joelhos, com toda a humildade possível, com uma fé grande, com uma persistência que não desiste, pedem pela filhinha que está muito doente, pelo servo que está a sofrer horrivelmente. E Jesus desloca-se a casa de Jairo e quer ir a casa do centurião. E a filha morta revive e o criado é curado!

Este Jesus que não resiste ao poder da fé de quem pede, continua à espera da nossa humildade e da nossa persistência. Peçamos, peçamos sempre! Não somos menos que Jairo ou o centurião romano!

Como Família Salesiana, tendo em D. Bosco um exemplo acabado de fé humilde e persistente, veremos ganhar vida, e até ressuscitar os que amamos e tudo aquilo por que damos a vida, se dissermos a Jesus: Vem a minha casa e impõe as Tuas mãos numa bênção de misericórdia.

P. Joaquim Taveira da Fonseca | DNFS