Quando passo por alguns lugares deste nosso Portugal, sobretudo no Norte, e vejo magníficas mansões abandonadas e a morrer com a caminhada do tempo, fico-me com uma tristeza enorme, pela beleza que está a desaparecer, mas, ao mesmo tempo, com o desejo sincero de poder reconstruir essa beleza que definha. Não se pode deixar que o que é belo, o que tem valor, o que foi construído com arte e carinho possa desaparecer. Há sempre o imperioso dever de se fazer qualquer coisa!
Ao escrever estas palavras vêm-me à memória estes exemplos, infelizmente tão comuns, e que são analogia para outras obras que construímos. E penso na Família Salesiana, nascida à volta de um carisma de excelência de um Sonhador que quis dar realização aos sonhos de Deus em favor dos jovens. Penso nesta Família que já conheceu tempos de entusiasmo apostólico, de realizações magníficas em favor dos jovens, de generosidades e dedicações que não conheciam desânimos. Penso nesta Família em que a juventude não se definia por anos de idade física, mas por uma questão de fogo interior a incendiar o coração. E sinto o desejo de reconstruir tanta beleza a ruir e às portas do desaparecimento. Bem sei que as obras dos homens estão condenadas à morte e a desaparecer com eles, sobretudo se se fazem à margem de Deus. Mas a Família Salesiana é uma família construída segundo a vontade e o desejo de Deus, vontade e desejos soprados no coração de D. Bosco e de santos filhos seus. Por isso, tem o selo divino e, com ele, a marca da perenidade. Assim, não se torna difícil empreender uma obra de reconstrução para restaurar a beleza e a pujança de um tempo. Olhamos para as várias famílias que compõem esta grande Família e vemos membros, que apesar da idade, se mantêm jovens, cheios de fogo no espírito que os anima a olhar para a frente e a sonhar. Porque a Obra é de Deus, o esforço dos homens torna-se fecundo, quando descobrimos o que Deus quer. Andamos preocupados com a falta de vocações em todos os ramos da Família Salesiana. É uma justa preocupação! Mas fica-nos, sinceramente, a pergunta: duvidamos de que a Família Salesiana é obra de Deus? Creio que ninguém duvida. Então a preocupação deve centrar-se noutra pergunta: somos verdadeiramente homens e mulheres de Deus? Se a resposta sincera for sim, reside aqui a verdadeira solução a uma eficaz reconstrução da Família que somos até fazermos dela a Família que Deus quer. Porque Ele sonha e nós devemos perceber os Seus sonhos através de D. Bosco. A Família que somos é uma Família querida por Deus. Ponhamos o nosso empenho em a revitalizar que Deus, por D. Bosco, nos dará força para o fazer.
P. Joaquim Taveira da Fonseca
DNFS