Os Salesianos de S. João Bosco chegaram a Mogofores em 1937, na pessoa do Senhor Padre Humberto Maria Pasquale.
As condições da casa estavam em tão mau estado que foi preciso unir esforços de algumas pessoas generosas e atentas à grande necessidade de materiais, dinheiro, géneros alimentícios e mão de obra, para que se tornasse um local digno de receber os jovens noviços. Procuravam um local para Casa de Noviciado.
Naquela época só duas ou três famílias frequentavam a Igreja, nomeadamente a família da Senhora Emília Bourbon Furtado, que colaborou na grande obra encetada pelo Sr. Padre Pasquale.
O P. Pasquale viveu em Mogofores muito do que S. João Bosco viveu em Valdocco: fome, perseguições, aflições, contas e contas para pagar, obras para construir, devoção a Nossa Senhora Auxiliadora para irradiar, crianças e adultos para evangelizar, alfabetização a adultos para dar…
A semente ia sendo plantada, as obras surgindo, os frutos iam aparecendo, a frieza e distância por parte dos adultos e jovens ia desaparecendo e a Comunidade ia-se envolvendo.
Surgiram catequistas; construiu-se uma linda capela e começou a celebração do dia 24 de cada mês em honra de Nossa Senhora Auxiliadora; foi fundada a Associação de Maria Auxiliadora logo em 1937; foi fundado o “Centro Mãe Margarida” com a finalidade de ensinar as raparigas a confecionar e consertar roupa; abriu-se um infantário para cuidar das crianças recém- nascidas; construiu-se um espaço dedicado ao teatro onde eram envolvidos alunos, professores e colaboradores.
Colaboradores, Associados de Nossa Senhora Auxiliadora e Salesianos Cooperadores estavam todos unidos, não havendo, na época, distinção entre esses ramos da Família Salesiana. Os Salesianos Cooperadores eram todos Associados de Maria Auxiliadora e grandes colaboradores das obras salesianas.
No livro do P. Pasquale aparecem várias referências aos Salesianos Cooperadores logo em 1938, quando os Noviços tomaram posse da nova Casa; em 1941, o advogado Alberto Menano faz o encerramento do primeiro Congresso Mariano na qualidade de Salesiano Cooperador; e em 1944 Alexandrina de Balazar tornou-se Salesiana Cooperadora.
De todos estes tempos o nome e grande testemunho de uma verdadeira Mãe Margarida, a Senhora “Maria da broa”, uma humilde Salesiana Cooperadora, que era padeira e, apesar de viver com muitas dificuldades, ia todas as semanas levar aos rapazes uma das broas confecionadas por ela. Repartia o pouco que tinha com quem tinha menos do que ela. Este gesto era tão importante para os rapazes que carinhosamente a chamavam de Maria da broa.
E foi assim que conheci os Salesianos Cooperadores: sempre em perfeita sintonia e colaboração com os Associados de Maria Auxiliadora, com os professores, pais e alunos do colégio e com os Salesianos de D. Bosco.
O Magusto, a festa de Natal, de S. João Bosco, de Nossa Senhora Auxiliadora, de encerramento escolar foram sempre vividos em comunhão. Todos conheciam todos, e todos sabiam qual a vocação de cada um. Uns davam testemunho aos outros, e como tal houve pais e professores que se tornaram Salesianos Cooperadores, e jovens orientados por Salesianos Cooperadores, que participavam nas festividades, deixaram-se envolver pelo Carisma Salesiano.
Há alguns anos atrás foi imposta uma separação aos Salesianos Cooperadores, e tudo começou a desmoronar. Os Salesianos Cooperadores jovens partiram para a formação das suas famílias e vida profissional; os adultos envelhecem, ficam muito limitados e desmotivam. Há um grande esforço da parte dos que ainda sentem alguma vitalidade, e sobretudo são verdadeiramente vocacionados.
O Grupo está devidamente organizado (17 inscritos) com Delegado, Coordenador, Secretária, Tesoureira e vogais. Temos como principais atividades a colaboração no Santuário como leitores, ministros da comunhão e zeladores do mesmo; há elementos que dão catequese a adultos, formação a jovens, orientação para o matrimónio, visita a doentes, recolha de roupa para necessitados e todos dão uma colaboração monetária a um colégio de Cabo Verde.
Tentamos participar em todas as atividades que nos são oferecidas e sugeridas para nos mantermos alimentados e unidos. E só desejo que todos possamos sentir aquilo que uma vez uma grande Salesiana Cooperadora me disse, quando a fomos visitar ao lar, e eu lhe perguntei se ainda se sentia Cooperadora: “SEREI SALESIANA COOPERADORA PARA ALÉM DA MORTE”
Maria da Luz Costa, SSCC Mogofores