O mês de Abril tem sempre um encanto especial por ser o mês duma Primavera que apresenta o rebentar da vida numa natureza cada vez mais bela nas suas cores, nas carícias mornas da sua temperatura, nas promessas encontradas em cada esquina.
O mês de Abril é também, e sobretudo, o mês da Páscoa, aquele tempo sagrado sempre renovado e sempre novo, sempre comemoração e sempre acontecimento original, sempre promessa e sempre consumação de Redenção. Pelos caminhos da nossa terra bordejam pequenas flores de uma beleza humilde, saudando a Páscoa que passa num Cristo de Cruz gloriosa, enfeitada com pequenos ramos verdes e cravos vermelhos ainda a lembrar a cor do Sangue derramado, por infinito amor, no alto dessa Cruz. Transportam-na mãos rudes, calejadas pelo árduo trabalho dos campos, enquanto se desejam bênçãos do Ressuscitado nas portas abertas para, generosamente, receber a Sua visita. E assim, de porta em porta, pelo fresco da manhã ou pelo calor forte da meia tarde, lá vai a campainha anunciadora da alegria do Senhor que se espera com respeito e alegria. “Entre aqui, senhor padre, entre também neste quarto. A minha mãe está muito mal, está nas últimas, mas quer ver a Jesus”. O pedido foi satisfeito e, num primeiro relance de olhar, parecia inútil a entrada. Parecia! O arfar insistente, os olhos fechados e a espera de um último suspiro! Mas, num assomo de forças que vieram, sabe-se lá de onde, a moribunda senhora ergue o seu corpo e agarra na Cruz com uma força sobre humana. A sua voz, essa ainda débil, pronuncia estas admiráveis palavras: Quero ver-Te, meu Senhor, nessa Cruz que me garante que, em breve, contigo me hei-de encontrar.
A Cruz retomou a Sua caminhada de amor pelos caminhos em busca de outras portas abertas. Mas, quem tivesse estado atento verificava que as florzinhas humildes choravam de alegria à passagem do seu Senhor Ressuscitado, enquanto nos rostos cansados dos que levavam a Cruz algumas lágrimas de comoção se misturavam com grossas gotas de suor. Valia a pena o cansaço, agora que se tinha experimentado a ressurreição no quarto daquela velhinha moribunda.“Que a paz entre nesta Casa, que a bênção do Ressuscitado traga harmonia e amor a todos os que nela habitam!” E a campainha badalava incessante, alegre e feliz por anunciar o Príncipe da Paz!
Pe. JoaquimTaveira, sdb
Delegado Nacional para a Família Salesiana