Pai, que todos sejam um… ( Jo 17, 21…)
Abrimos o Evangelho de S. João no capítulo 17 e aparece-nos uma das páginas mais belas desse Evangelho: a Oração sacerdotal de Jesus. Nas vésperas da Sua Paixão e Morte, Jesus quer deixar-nos o Seu testamento como um pai faz com os filhos que ama. Reza ao Pai por eles e recomenda-lhes o segredo do seu futuro êxito apostólico: “Pai, que todos sejam um, como Tu, Pai estás em Mim e Eu em Ti. E para que também eles estejam em Nós, a fim de que o mundo acredite que Tu Me enviaste” ( Jo 17, 21).
Temos ouvido, várias vezes, a falar na Sinodalidade, caminho que a Igreja deve percorrer para ser fiel ao desejo do seu Senhor Jesus Cristo. Para bastantes de nós, o conteúdo real dessa palavra não é fácil de perceber e, por conseguinte, torna-se difícil de percorrer esse caminho sinodal. Sinodalidade não é um vocábulo novo na Igreja de Jesus, mas tão antigo como a própria Igreja. E, se queremos conhecer o que verdadeiramente significa, vamos buscar-lhe a fonte na Oração de Jesus ao Pai, pedindo que todos os que o Pai Lhe deu vivam a Unidade no amor, como garantia de credibilidade da fé em Jesus Vivo e Ressuscitado anunciada pelos membros da Sua Igreja. Esta pequena árvore – a Igreja – que Jesus plantou com a Sua Morte e Ressurreição, só cresce e se desenvolve se for regada e adubada pela unidade no amor. A primeira e pequena comunidade cristã, esta Igreja nascente do tempo dos apóstolos, percebeu o pedido-recomendação de Jesus e pô-lo em prática. E isso era visível o “vede como eles se amam” como diziam os pagãos admirados. E a árvore da Igreja cresceu e cresceu também na coragem de dar a vida por amor a Jesus na preservação da sua fé como Igreja unida. Depois começaram a entrar as sementes da divisão em muitos dos seus membros e Jesus deixou de ser, para alguns, o Centro da Unidade da Igreja. E hoje, as crises na Igreja acentuam-se ao ponto de o Papa Francisco nos chamar a esta essencial Unidade de todos para que a Igreja faça o seu Caminho peregrino neste mundo em concreta Sinodalidade no amor. Recorda-nos também que todos os batizados na fé do Senhor Jesus estão chamados à comunhão de vida, à participação na vida apostólica da Igreja a que pertencem pelo batismo e à missão evangelizadora num mundo que carece de conhecer e amar a Jesus como Redentor da vida de todas as pessoas.
Se houve santos que amaram a sua Igreja, S. João Bosco ocupa o primeiro lugar. O nosso santo Fundador foi um indefetível defensor da Igreja e dos seus Papas. A sua Obra não deu um passo que não fosse em estrita obediência às diretivas da Igreja. Nós, Família Salesiana, somos filhos da Igreja, em sincera unidade de amor com ela, nossa mãe, berço da nossa fé no Senhor Jesus e, no seu seio materno, apóstolos dos jovens vivendo a beleza de um carisma maravilhoso que visa os mais necessitados e abandonados. Queremos ser uma Igreja em comunhão e em caminho. Queremos seguir a palavra do Papa Francisco que nos convida a seguir “o caminho da sinodalidade, que é o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milénio”. É este o caminho que Deus espera de nós, Família Salesiana, vivendo em unidade de amor, como Jesus pediu na Sua Oração ao Pai.
Pe. Joaquim Taveira da Fonseca
DNFS