E… abrir uma página nova de vida!……
Já vos aconteceu, após uma conversa em família, perceber que todos ganham mudando algum hábito que não está a ajudar ao ambiente familiar? É assim, precisamos de parar e avaliar e este tempo vai ser propício para isso.
Relacionado com esta realidade lembrei-me de algo que aconteceu há pouco tempo.
No passado dia 25 de março, no tempo de adoração designado pelo Papa: “24 horas para o Senhor!” que pudemos acompanhar em direto do Vaticano, ficámos certamente todos sensibilizados pela atitude do Papa Francisco, aos 46 minutos da Celebração, no momento em que, após a celebração da Palavra: Celebrazione penitenza as pessoas teriam tempo para se dirigirem aos sacerdotes presentes para poderem receber o Sacramento da Reconciliação. Ele mesmo acenou a um sacerdote que estava próximo e dirigiram-se os dois para o Confessionário onde o Papa iria atender também algumas pessoas. Porém, quem foi o primeiro a reconciliar-se através do sacramento? Foi precisamente o Papa Francisco.
Então, mas o Papa também tem necessidade de se confessar? Porque existe este Sacramento se também os sacerdotes precisam dele? Há muitos cristãos que dizem que se confessam a Deus. Quem está certo? Na base destas perguntas está outra: Porque razão não basta a fé em Jesus Cristo para vivermos a nossa relação com Deus em plenitude, mas precisamos dos Sacramentos que Jesus instituiu?
Encontrei a resposta em vários artigos do Catecismo da Igreja Católica (1084, 1146-1152) que nos falam de verdades muito simples e importantes da nossa vida que podemos resumir assim: “Devemos e podemos chegar a Deus com todos os sentidos, e não apenas com a inteligência. Por isso, Deus dá-se a nós nos sinais terrenos – água, pão, vinho e óleo, acompanhados de palavras, unções e imposições de mãos”. Se nós não precisássemos dos Sacramentos para encontrarmos o caminho da felicidade eterna também Jesus, o Filho de Deus não teria incarnado. Ao incarnar assumiu a nossa forma de comunicar: escutar, falar, olhar, dialogar…..
Mas, então, se já recebemos a vida de Jesus em nós, pelo Sacramento do Batismo, porque precisamos do Sacramento da Reconciliação? O Batismo introduz-nos na vida de Deus, mas não nos obriga a permanecer ligados em pleno a Deus ou seja, não nos liberta das nossas fraquezas e da nossa inclinação para seguirmos o caminho do pecado, ou seja do não amor, da menor exigência. O Sacramento da Reconciliação é como abrir uma página nova na nossa vida. É entregar no coração misericordioso de Deus toda a nossa vida, também as nossas fraquezas reconhecidas e receber de Jesus, através da mediação do seu ministro, o seu perdão e a força para começar de novo.
Vale a pena! Basta parar um pouco em oração e perguntar a Jesus: “Que esperas que eu melhore em mim para corresponder melhor ao imenso amor que tens por mim?” É isto o Exame de Consciência. E depois aproximar-se de um sacerdote e dizer: “Desejo reconciliar-me com Deus.” Os dois fazem o sinal da cruz, sinal do imenso amor de Jesus por nós. Eu digo há quanto tempo foi a minha última reconciliação, uma vez que se trata de uma caminhada até à meta do encontro definitivo com Jesus. Depois dialogamos sobre esta minha caminhada, os avanços e recuos, as minhas falhas, os meus pecados em relação aos 10 mandamentos e sobretudo ao maior mandamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei!”. Nas palavras do Sacerdote encontro a voz de Jesus para mim. Em seguida ele aponta-me uma forma de agradecer o Sacramento ou de reparar o passado, a que chamamos penitência. Depois peço expressamente perdão a Deus, rezando o “Ato de Contrição”. O Sacerdote com o gesto próprio do Sacramento dá-me a Absolvição e eu também traço novamente o sinal da cruz sobre mim e o sacerdote termina, dizendo: “Vai em paz!” E eu respondo: “Obrigada, Sr. Padre!” E vou cumprir a Penitência, começando assim uma página nova da minha vida!
Mas, será que todas as pessoas podem receber o sacramento da Reconciliação? ….. Muitas perguntas há para responder…. Pede ajuda a alguém e vai lendo o Catecismo da Igreja Católica ou pelo menos o YOUCAT – Catecismo Jovem da Igreja Católica. Mas arrisca aproximares-te de um sacerdote e fala com transparência.
Todos os membros da Família Salesiana têm naturalmente um apreço especial pelo Sacramento da Reconciliação que muitas vezes chamamos apenas Confissão e este apreço é típico da nossa família, vem bem desde o início, do nosso Santo fundador, S. João Bosco que dedicava “habitualmente duas ou três horas por dia” (MB 3,73) a atender todos os que o procuravam. Uma das suas máximas era esta: “A estrada mais curta que eu conheço para chegar ao Paraíso é a do Sacramento da Confissão. Sendo também para o próprio Confessor um enorme bem espiritual” (MB 3, 72)
Saudações a todos e umas boas férias!
Ir. Mª Fernanda Afonso
Delegada Provincial FMA para a FS