Aproximamo-nos a passos largos da Páscoa, momento em que por excelência celebramos Aquele que de forma radical e completa, Deu a Sua vida na cruz, por todos nós, para nossa salvação!
Pouco antes da Sua partida, faz aos seus discípulos um pedido. Podemos encontrar as suas palavras e esse mesmo desafio no Evangelho de S. João (Jo 15, 12-17), onde podemos ler que “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos.”; “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.” e “Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.
Estas palavras que dirige aos seus discípulos, quase em modo de despedida, interpela-os a estarem atentos ao que Ele próprio faria muito em breve.
Jesus diz-nos claramente que a única forma de “dar a vida” é através do amor, um amor sem medida, sem condições nem limites.
Sabemos que nem sempre é fácil entregarmo-nos assim tão incondicionalmente, sabemos que esta forma de amar exige sacrifícios e sabemos também que nem sempre nos sentimos à altura de nos esvaziarmos por completo, ao ponto de morrermos para nós mesmos. Mas sabemos também e acreditamos com uma convicção inabalável que ao fixarmos os olhos na cruz, o temor se transforma em amor.
Os tempos mais recentes que temos vivido, com uma pandemia que dura há já 2 anos e uma nova guerra que teima em não ter fim, têm sido férteis em mostrar-nos e dar-nos a conhecer a vida de muitos que têm vivido em pleno este mandamento de Cristo de dar a vida pelos irmãos. Todos nos lembramos e seguramente conhecemos muitos médicos, enfermeiros, padres, leigos e voluntários das nossas paróquias, grupos ou movimentos, que deram a sua vida por completo… nalguns casos radicalmente como o próprio Jesus.
Mas não só a história mais recente é rica em exemplos de plena doação. Nesse pressuposto, permitam-me que partilhe de forma telegráfica, dois exemplos de Antigos Alunos que em diferentes partes do mundo, de formas muito distintas e em contextos diferentes souberam DAR A VIDA pelos amigos, e com o seu testemunho encorajar-nos a seguir os seus exemplos.
Começo com o Akash Bashir, um antigo aluno salesiano do Paquistão, cristão, num país onde os cristãos ainda hoje são fortemente perseguidos.
No dia 15 de março de 2015, numa manhã de domingo em que estava de serviço como segurança, apercebeu-se de um bombista-suicida que tentava entrar na igreja de S. João, onde perto de 2000 fiéis assistiam à eucaristia.
Com apenas 20 anos, e com toda a vida pela frente, dando-se conta de que não iria conseguir demover o bombista, abraçou-se a ele e disse-lhe: “Posso morrer, mas não te deixarei entrar na igreja”. Morrendo juntamente com o bombista, ofereceu a sua vida para salvar centenas de pessoas, jovens, crianças, homens e mulheres que naquele momento se encontravam dentro da igreja.
É o primeiro cidadão paquistanês elevado à condição de Servo de Deus e o primeiro a ver aberta a causa de beatificação no Paquistão.
Outro exemplo de plena entrega é o Peter, um antigo aluno eslovaco que desde o início da guerra na Ucrânia, já acolheu no seu hotel mais de 300 refugiados, de forma totalmente gratuita e providenciando conjuntamente com um grupo de voluntários alojamento, alimentação, vestuário e até aulas online para as crianças aí alojadas.
Peçamos a Deus que nos dê a capacidade de também nós sermos capazes de nos dar sem medida!
Votos de uma Santa Páscoa para todos!
Celso Neto Nogueira
Presidente da Federação Portuguesa dos Antigos Alunos de Dom Bosco