Lemos no Evangelho de S. João que Jesus pede ao Pai na Sua oração sacerdotal: “Pai, que todos sejam UM para que o mundo creia”. O que, aparentemente, poderia ser apenas uma invocação numa oração mais vasta, torna-se um pedido essencial, uma condição imprescindível de conversão do mundo. Para que o mundo creia em Jesus anunciado pelos Seus discípulos, a unidade entre eles é imprescindível.
Olhando a Igreja de Jesus, a nossa Igreja, a Igreja de que fazemos parte, causa-nos uma grande dor vê-la dividida, contestada por aqueles que a deviam amar, teimando em copiar os modelos de um mundo que coloca o poder, a autoridade, a riqueza, o arrivismo, o carreirismo, o egoísmo desenfreado ao serviço da sua sobrevivência e falsa felicidade. O mundo de hoje não conhece, na generalidade, o que é cooperação, valorização do outro, unidade na fraternidade, atenção ao pobre, sentido de família humana ou de família parental…
Jesus quer que a Sua Igreja seja “Sal da terra e Luz do mundo”; quer que a Sua Igreja seja “Fermento” transformador do mundo. Por isso, roga ao Pai a unidade entre todos os Seus, porque ela é garantia e testemunho do Seu amor no mundo. Quem ama acolhe o outro, não o torna indiferente, não o marginaliza, não o descarta porque é incómodo, mas serve-o, aproxima-o de si, interessa-se por ele. Quem ama constrói a Igreja de Jesus, fazendo-a sua, fazendo dela o porto de abrigo e, como diz o Papa Francisco, o hospital de campanha para curar todos os males da humanidade. Quem ama conjuga forças, junta corações, percorre caminhos para encontrar o irmão abandonado e esquecido, mostra o Rosto de Jesus a todos os que O não conhecem ou d’Ele se esqueceram.
A Família Salesiana é a Igreja de Jesus com o carisma de S. João Bosco. Para esta Família tem um sentido especial o pedido de Jesus ao Pai: “Que todos sejam UM”. Enviada, por carisma, aos mais pobres e indefesos, aos jovens mais desorientados neste mundo desorientado e predador para o mal, esta Igreja com o carisma salesiano quer apresentar-se nas suas características de bondade, de compreensão e de acolhimento à maneira de Jesus. Só a vivência sincera da unidade pedida por Jesus ao Pai nos dá a possibilidade de acolher, compreender e aceitar o outro nas nossas Comunidades ou nos nossos Centros, onde cada um importa, cada um é aceite como é, cada um é digno do sincero interesse de todos. Como numa verdadeira família unida! E assim a Comunidade ou o Centro ganham mais vida, mais entusiasmo e alegria. A revitalização está no segredo deste pedido de Jesus ao Pai e secundado por cada um de nós. Técnicas vocacionais são úteis e necessárias para o crescimento global da Família salesiana. Mas só o amor, expresso nesta unidade à maneira de Jesus é que garante às técnicas vocacionais a pujança e a vida. Só o amor, alicerçado nesta unidade, fará perceber aos jovens que somos uma humilde e sincera resposta carismática às suas múltiplas e reais necessidades. E isso é o que importa! Com Jesus, rezemos também ao Pai
“Que todos sejam Um, ó Pai como Tu e Eu somos UM“ (Jo 17, 20). A nossa credibilidade carismática passa exatamente por aqui!
P. Joaquim Taveira da Fonseca, sdb
Delegado Nacional da Família Salesiana