SSCC | Viver a misericórdia de Deus, nos tempos de hoje

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Viver a misericórdia de Deus, nos tempos de hoje

Nestes tempos difíceis de dor e de angústia que estamos a viver, certamente que já questionámos: “Mas aonde é que está Deus e o que é que Ele faz diante da nossa dor?”.  Lembrando as palavras do Papa Francisco, “Jesus mudou a história, tornando-se próximo de nós e fez dela, embora ainda marcada pelo mal, uma história de salvação. Ao oferecer a Sua vida na cruz, Jesus também venceu a morte. Do coração aberto do Crucificado, o amor de Deus alcança cada um de nós”.

Esta pandemia despertou bruscamente quem pensava que podia dormir em segurança na cama das injustiças e das violências, da fome e da pobreza, das guerras e das doenças: desastres causados, em boa parte, por um sistema económico-financeiro fundado no lucro, que não consegue integrar a fraternidade nas relações sociais e a proteção da criação. O Coronavírus sacudiu a superficialidade e a despreocupação, e denunciou uma outra pandemia, não menos grave, muitas vezes recordada pelo Papa Francisco: a da indiferença. Talvez, por muito tempo nos tenhamos esquecido de apontar e viver o caminho da misericórdia.

Estou ciente de que ler os sinais dos tempos não é fácil, mas à luz do discernimento conduzido sob a luz do Espírito Santo é possível e necessário. Viver a misericórdia para com os jovens foi o início de toda pedagogia salesiana. Dom Bosco sentia-se atraído pelos jovens e eles sentiam-se atraídos por Dom Bosco. Havia como que uma empatia mútua. A riqueza de Dom Bosco foi o seu coração, o seu grande coração, que o abriu para que todos os jovens lá coubessem.

Dom Bosco valorizou sempre o afeto e o perdão. A empatia que manifestava pelas pessoas tornava-as simpáticas. Confessando os jovens nas cadeias de Turim, percebeu muito claramente que os corações eram bons, igual ao de todos os outros jovens, abertos às mudanças de vida e se ali estavam era porque foram traídos pela pobreza. A sua caridade era sobrenatural, ligada à presença de Deus dentro de cada pessoa. Era a forma concreta da sua vida interior: amar a Deus e ao próximo. Cuidar do bem-estar, da felicidade, da vida do outro, dedicar-se às necessidades do próximo. Esta é a forma do amor cristão, uma ação carinhosa e prática pelo bem do outro. Este era o caminho mais curto para chegar a Deus: fazê-lo através do amor aos jovens!

Maria José Barroso
Coordenadora Provincial ASC