Hoje partilho convosco um tema que me toca de uma forma especial, particularmente nestes tempos de incerteza, de dúvida, de dificuldade…
Parafraseando o Papa Francisco, “A busca da felicidade é comum a todas as pessoas de todos os tempos e de todas as idades” porque o próprio Deus colocou “no coração de cada homem e de cada mulher um desejo irreprimível de felicidade” e “de plenitude”. Os nossos “corações estão inquietos procurando sem cessar um bem que possa saciar a sua sede de infinito” (Mensagem JMJ 2015), invisível nostalgia d’Aquele que nos criou e é Ele mesmo amor, alegria, paz, beleza, verdade.
Este período incerto, estranho, difícil e de combate a um vírus mortífero faz-nos pensar numa perspetiva da Felicidade, nem sempre valorizada ou que contraria as narrativas fortes dos tempos atuais. No entanto,e indo ao encontro do pensamento do Papa Francisco apraz-me refletir o seguinte:
Na vida há os tempos da cruz, às vezes momentos tristes em que nos sentimos abandonados por Deus. Neste silêncio de Deus é preciso, mais do que nunca, que nos abandonemos nas suas mãos. Então – diz-nos o Papa Francisco – vamos ao “primeiro degrau da alegria” que é a paz, a profunda paz que vem da entrega total a Deus. É uma “alegria sobrenatural” que nada pode destruir e “se adapta e se transforma, e permanece sempre como uma pequena luz que nasce da certeza” que “as graças do Senhor não acabaram, não esgotaram a Sua misericórdia” porque “é grande a sua fidelidade”. Como diz Jesus: “a vossa tristeza há de converter-se em alegria” e “ninguém vos poderá tirar a vossa alegria”. “A Boa-Nova é a alegria de um Pai que não quer que se perca nenhum dos seus pequeninos” (evangelii gaudium, 237).
Uma parte da nossa alegria consiste em nos tornarmos capazes e merecedores dela, em nos tornarmos sensíveis às suas incessantes ofertas. Muitas vezes o homem considera-se infeliz à força de falar em dores e aborrecimentos. Os tempos de hoje não facilitam, é verdade! Tornamo-nos incapazes de descobrir e gozar as legítimas alegrias que a vida e a providência não deixam de semear, ao menos de vez em quando ao longo do nosso caminho.
“A nossa sociedade é de tal natureza que nos leva a desconfiar sempre da felicidade”. Contudo é preciso descobrir o lado bom das coisas. Em tudo o que é menos bom, há sempre uma face positiva. E preciso sermos otimistas! O otimismo é como o sal na comida; dá bom gosto e preserva.
A verdadeira alegria – afirma o Papa – nasce do encontro com Jesus, em acreditar que Ele nos amou chegando a dar a vida por nós. A alegria é saber que somos amados por Deus que é Pai. A verdadeira alegria não é fruto dos nossos esforços, mas do Espírito Santo que pede apenas para abrirmos os nossos corações para enchê-los de felicidade. “Se deixarmos que o Senhor nos arranque da nossa concha e mude a nossa vida, então poderemos realizar o que pedia São Paulo: ‘Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!’ (gaudete et exsultate, 122)”. Portanto a alegria é ouvir de Deus: “Tu és importante para mim, amo-te e conto contigo”.
Então, se Deus me ama verdadeiramente, a felicidade é possível!
Maria José Barroso | Coordenadora Provincial ASC