Acabei a última conversa do mês passado dizendo que: “O nosso modelo é Cristo, como Bom Pastor!” Então vamos saltar até ao artigo nº 24 da CICFS, cujo título é: “ Art.º 24. Viver os sentimentos de Cristo”. Esta meta é de todo o cristão, certo?! Mas há que ver mais de perto. Viver os sentimentos de Cristo, quais? Como é a imagem que fazemos de Cristo? Tentemos dizer, cada um no seu íntimo, ou comunicá-lo, se estamos em grupo, algumas características deste Cristo que seguimos. Depois confrontemo-nos com este artigo 24:
“Dom Bosco colocou no centro da sua vida espiritual e da sua ação apostólica uma profunda devoção a Jesus presente na Eucaristia, o Dono da casa – como ele costumava dizer –, e ao divino Salvador, cujos gestos salvíficos quis imitar. Enxertados em Cristo pelo Batismo, deixamo-nos assemelhar a Ele, dóceis à ação do Espírito, até poder dizer com S. Paulo: «Para mim viver é Cristo» (Fil 1,21), «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gal 2,20); todavia, acolhendo também a outra exortação do Apóstolo: «Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus» (Fil 2,5).
Quais são os sentimentos de Cristo,
que a CICFS sublinha e que já S. Paulo convidava a viver entre nós?
Continua o artigo 24:
Estes são: a viva consciência de ser o Enviado de Deus, guiado em tudo pelo Espírito; a incondicional obediência à vontade do Pai no cumprimento da missão que Lhe foi confiada, enfrentando com coragem dificuldades e oposições (cf. Jo 5, 17s); o constante e generoso empenhamento em libertar as pessoas de toda a forma de morte e comunicar a todos vida e alegria; o cuidado apaixonado dos pequenos e dos pobres com a solicitude do Bom Pastor; o amor que perdoa sempre até se tornar vítima sobre a cruz; a promessa de ser companheiro de viagem dos seus discípulos como fez com os dois de Emaús.
É o ícone do Bom Pastor, em particular, a inspirar e orientar a nossa ação, indicando duas preciosas perspetivas de espiritualidade apostólica salesiana.
A primeira: o apóstolo/a do Senhor Jesus coloca no centro da sua atenção a pessoa enquanto tal e ama-a tal como é, sem preconceitos nem exclusões, precisamente como faz o Bom Pastor, mesmo com a ovelha tresmalhada.
A segunda: o apóstolo/a não se propõe a si mesmo/a, mas sempre e só o Senhor Jesus, o único que pode libertar de toda a forma de escravidão, o único que pode conduzir a pastagens de vida eterna (cf. Jo 10,1-15), o único que nunca abandona quem anda tresmalhado mas se faz solidário com a sua fraqueza e, cheio de confiança e de esperança, o procura, pega nele e recondu-lo para que tenha vida em plenitude.
Radicar-se em Cristo e conformar-se com Ele é a alegria mais profunda para um filho e uma filha de D. Bosco. Daí o amor à Palavra e o desejo de viver o mistério de Cristo representado pela liturgia da Igreja; a celebração assídua dos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, que educam para a liberdade cristã, para a conversão do coração e para o espírito de partilha e de serviço; a participação no mistério da Páscoa do Senhor, que abre à compreensão nova da vida e do seu significado pessoal e comunitário, interior e social.
Dá para fazermos revisão de vida, nesta hora da paixão e ressurreição do Senhor Jesus, não dá?
Santa Páscoa!
Ir. Mª Fernanda Afonso
Delegada Nacional da FS