Vivemos tempos de mudança, de renovação pastoral e ocorreu-me refletir convosco uma utopia. O que nos pediria hoje, D. Bosco? Como enfrentaria as diferentes realidades dos nossos centros. Que grande desafio!
Certamente que não perderia tempo nem a oportunidade para responder aos apelos do nosso Papa Francisco: “Quero uma Igreja em saída”, uma igreja de rosto missionário: próxima, capaz de sair de si para ir ao encontro das pessoas por caminhos novos, deixando para trás o comodismo de dizer “sempre se fez assim” (EG 33).
D. Bosco, com o seu olhar profético, ajudar-nos ia a encontrar soluções para as novas realidades do mundo de hoje. Para tanto, seria exigente como sempre foi, mas sem perder a doçura e a alegria. Com certeza, não aceitaria um estilo de vida cristã e consagrada sedentária, mas provocaria a todos, sobretudo os jovens a sair da mesmice, das pequenas ações, dos projetos intimistas, sempre mantendo o equilíbrio entre o presente e o futuro. Dir-nos-ia que conta connosco, que acredita em nós e que não tivéssemos medo de corresponder aos desafios dos novos tempos porque Deus nos ama e estará sempre por perto. Pedir-nos-ia que confiássemos em Maria Auxiliadora, pois “foi Ela quem tudo fez”.
A formação de salesianos e salesianas, a partir desse olhar, daria um salto de qualidade entre o intelectual e o pastoral. É urgente formar novos pastores e pastoras segundo o coração de Deus, isto requer pessoas ousadas, livres, responsáveis, protagonistas, fraternas e solidárias, capazes de alimentar os famintos, saciar os sedentos, proteger os fracos, socorrer os caídos, ouvir, ver, contemplar e tocar a presença misericordiosa de Jesus Cristo. Certamente, mais sensível à genialidade feminina, Dom Bosco daria maior protagonismo às mulheres. Trabalharia para convocar e formar leigos e leigas profetas de um mundo carente de Deus.
Esta utopia é a que me faz imaginar como seria se Dom Bosco vivesse hoje.
Maria José Barroso | Coordenadora Provincial ASC