Dizia eu, que a pergunta que formulei no mês passado não ficou ainda totalmente respondida: “ Será que alguém pode, em verdade, dizer: “Na nossa Paróquia não precisamos do grupo dos Salesianos Cooperadores ou dos Associados de Maria Auxiliadora, porque já há cá muitos grupos”? Ou ainda: “Na nossa obra não fazem falta esses grupos, nem sequer o grupo dos/as Ex.Alunos/as”?”
Tendo presente esta pergunta, leiamos o início de outro artigo da CICFS, o nº 5 que nos apresenta o que, dentro da espiritualidade cristã é fulcral para a espiritualidade salesiana:
Somos, como FS, um dom do Espírito à Igreja: “ A Família apostólica de D. Bosco é, antes e acima de tudo, uma Família carismática, quer dizer, um dom do Espí-rito à Igreja em vista de uma missão (cf. 1Cor 12,1.4-6)”
Então, há que zelar pela continuidade deste dom, primeiramente no nosso modo de o viver e depois na for-ma de o passar às novas gerações. Como não perceber que o modo de agir, à salesiana, com um jovem, com uma criança, tem algo de particular? É um modo que coloca a criança, o jovem no centro da nossa atenção. Sentimo-nos servos dele. Não para satisfazer os seus caprichos, mas para lhe dar a importância que lhe é devida como alguém muito amado por Deus, mesmo que, aparentemente, não seja produtivo. E, no entanto, é-o. Basta contar-vos o que aconteceu hoje: “Um membro do meu grupo do 5º catecismo já não vinha à ca-tequese há algum tempo. Como se aproximava o momento da festa do Credo, entrei em contacto com todos os pais para que nos organizássemos melhor. Este voltou e, na hora de se preparar, através da confissão, notava-se alguma agitação nele. Entretanto fizemos um diálogo em grupo como forma de preparação. A certa altura, ele saltou da cadeira e disse: “Eu também quero ir confessar-me!”. Daí a pouco, quando voltou, disse em voz baixa e num tom de alegria interior: “Estou novo!” Aproveitei para ressaltar a sua expressão. Ele passou a ser evangelizador. A minha atitude de acolhimento e de atenção a esta criança, poderemos dizer, que é a atitude normal de uma catequista. Será mesmo?! Não haveria outros elementos que, postos em prática, em vez de conduzir a mudança de vida, conduzissem a exasperação? “Porque faltas há tanto tempo? Então agora é que apareces, na hora de fazer festa? Etc….” Esta atenção à corda sensível de cada pessoa, isto é, à chama que ainda fumega, segundo as palavras de Jesus, é uma atitude bem cristã e bem tipicamente salesiana.
Afinal todos os carismas não são mais que a vivência de um aspeto particular do cristianismo, uma vez que nenhum de nós consegue reproduzir na sua vida, o Cristo total.
Esta forma de atenção à criança, ao jovem, ao adulto é específica de qualquer um dos grupos da Família Salesiana, basta recordar que o nosso modelo é Cristo, como Bom Pastor.
Por hoje, fico mais uma vez, por aqui. Boa continuação da Quaresma!
Ir. Mª Fernanda Afonso | Delegada Provincial da FS