Caros salesianos cooperadores,
Depois da bonita experiência vivida no II Encontro Regional Ibérico de SSCC, sob o título “Juntos Unidos na missão: Família Salesiana” gostaria de partilhar com todos vós a minha reflexão sobre este tema.
O tema da Missão compartida não é uma moda. É uma realidade da Igreja e há que mudar mentalidades. Os SS.CC. são uma entidade própria que tem que se assumir como tal para riqueza da Família Salesiana. A total dependência dos SDB e das FMA, não está de acordo com o desejo do nosso fundador D. Bosco. Isto não é um grito de rebelião, mas a assunção serena do nosso papel na Igreja e na Congregação. Somos um ramo da Família Salesiana e como tal devemos assumir-nos. Aos nossos irmãos SDB e às nossas irmãs FMA devemos-lhes o esforço do nosso crescimento e a alegria de partilharmos com eles um carisma e uma missão que nos leva aos jovens. Não somos verdadeiramente Salesianos Cooperadores se não nos assumirmos como ramo próprio na Árvore Salesiana. Por isso queremos estar “fraternalmente juntos unidos na missão”. Queremos partilhar a Missão Salesiana, mas nunca o poderemos fazer na menoridade da nossa actuação concreta. Partilhar significa estar à altura daquele ou daqueles com os quais partilhamos. Para crescermos teremos a ajuda dos SDB e das FMA, mas não a dependência que nos desresponsabiliza. Somos vocacionados para a responsabilidade e maioridade na acção. Este foi o sonho e é o carisma de D. Bosco.
Para partilhar a Missão é necessário partilhar a Espiritualidade. Na FS não partilhamos apenas o que fazemos, mas o “espírito salesiano”, um estilo de pensar e de agir em cujo centro deve estar a caridade pastoral.
Nós, Salesianos Cooperadores somos aqueles que levamos também a beleza de um carisma único: o amor de Deus aos jovens! E hoje somos chamados a um esforço de renovação para estar à altura dos desafios que o contexto sociocultural atual nos apresenta. Não somos um grupo fechado. A nossa credibilidade vem da nossa unidade no amor. É importante que vivamos em unidade nos nossos centros e nos amemos, porque na unidade do amor está a partilha da nossa missão. Deus conta connosco e o que não fizermos fica por fazer e se não partilharmos não crescemos.
Hoje, não é possível imaginar a missão salesiana sem os leigos salesianos cooperadores, porque é vital para o nosso carisma todo o contributo de cada um. São muitos os motivos que nos levam a refletir sobre este tema, mas para além dos possíveis motivos de ordem carismática, teológica, antropológica, … “é necessário converter as nossas atitudes, situando-nos adequadamente nesta nova relação que é possível pela implicação convicta e sincera de todos, segundo a sua vocação apostólica”. Aceitar esta realidade e introduzir-se nela não é tarefa fácil, e exige de todos nós uma mudança de mentalidade.
Atentemos nalguns compromissos que devemos ter em conta:
Esta urgência da Missão partilhada entre os membros dos diversos ramos da FS requere de todos uma nova forma de estar, cada um segundo a sua vocação, dispondo-se com a melhor vontade, a superar dificuldades e resistências. E a melhor forma de ultrapassar os momentos mais difíceis é sentarmo-nos à mesma mesa e discernir juntos, com sentido de grande unidade e comunhão.
– Devemos promover a co-responsabilidade. O compromisso dos leigos deve ser total e responsável, muito além da simples colaboração e ajuda, segundo a sua vocação específica.
– Valorizemos a comunicação entre todos. A Comunicação é imprescindível para o desenvolvimento da missão. A comunicação enriquece e ajuda-nos a crescer e a caminhar juntos na missão.
– Demos qualidade à formação. – Este é um dos maiores desafios que temos como FS. Formarmo-nos em conjunto para alcançar uma maior comunhão e eficácia no trabalho educativo-pastoral.
Deus guiou D. Bosco na fundação de uma comunidade de consagrados, mas logo de início D. Bosco comprometeu na sua missão muitos leigos que aos pouco se foram comprometendo nas obras salesianas. É necessário voltar ao espírito inicial: estender e dar qualidade à implicação de leigos dispostos a fazer parte do vasto movimento de pessoas que trabalham para a salvação dos jovens, dentro e fora das obras salesianas, na Igreja e nas instituições civis.
Não estamos sós. Juntos todos fazemos missão.
“ Se nada muda, eu mudo e tu mudas. Se tu mudas, uma mudança vai acabar por mudar o teu centro”.
Maria José Barroso
Coordenadora Provincial ASC