Estamos a entrar no mês de Outubro, geralmente dedicado, especialmente às Missões. Pedimos ajuda para os missionários e suas obras em terras de missão e pedimos, sobretudo que despertem muitas vocações missionárias. E fazemo-lo com interesse e sentido de ajuda cristã.
A Família salesiana é, na Igreja, uma família missionária, especificamente, missionária dos jovens, sobretudo os mais desprotegidos da Sociedade. Os jovens tornam-se assim um campo privilegiado de missão que se oferece à família salesiana no carisma de D. Bosco que é o seu signo e bandeira. Por este carisma, assumido conscientemente, a família salesiana encontra nele a sua razão de ser, quer dizer, só é família salesiana por este carisma e pela sua Espiritualidade que lhe dá forma e consistência.
Não raro se ouve a lamentação de que hoje estamos numa grave crise de vocações: sacerdotais, religiosas, salesianas clericais e laicais… Olha-se com pessimismo para o ambiente da Igreja e nota-se a escassez sacerdotal, até na sobrecarga que os sacerdotes sentem no atender à pastoral do seu rebanho espalhado por paróquias sem possibilidade de um acompanhamento eficaz e constante; olha-se para a vida religiosa e sente-se a escassez no atendimento ao povo de Deus segundo as exigências de cada carisma próprio; olha-se para a família salesiana e vemos a necessidade de fechar uma que outra Obra, sentimos que a vitalidade dos SDB e FMA vai esmorecendo, que os grupos de outros ramos da FS diminuíram o número dos seus membros, ou então, correm o risco também da perda de vitalidade e que, para eles, a beleza e a urgência do carisma de D. Bosco perderam importância.
O quadro parece pessimista demais! Talvez seja, mas se as tintas foram carregadas que seja para nos levar a reflectir na hora que vivemos e no futuro que queremos.
Rezamos ao Senhor que nos mande vocações, como se isso resolvesse tudo e voltássemos aos momentos gloriosos de um tempo. Rezamos e parece que o resultado não é, aparentemente, muito animador!
No Evangelho lê-se que Jesus enviou 72 discípulos em missão. Dois a dois. Com recomendações concretas de pobreza e desprendimento. A experiência foi muito bonita para os discípulos que fizeram a Vontade de Deus e despenderam ,entre os que os ouviram, a graça e os poderes que Jesus lhe concedeu para essa missão. Este episódio diz-nos que Jesus nunca falta com os seus enviados para realizarem a Sua missão. Ontem como hoje, Jesus está disposto a enviar-nos trabalhadores para a Sua messe. Jesus não nos pede o que o que não nos quer ajudar. E Ele nem sempre nos quer ajudar, porque a missão não é a Sua Missão. Podemos fazer muitas tentativas de ter mais vocações para todos os campos da Igreja, mas se pedimos para fins que não sejam a missão que Jesus nos quer confiar, as vocações não aparecem. O que deveríamos fazer, então? Perguntar-nos qual é a Vontade de Deus acerca da missão que devemos realizar. A Família salesiana, nos seus diversos ramos, procure fazer uma verdadeira conversão ao Carisma e à Espiritualidade de D. Bosco, onde encontra a Missão que Deus lhe confiou. É nessa Missão específica que se deve empenhar decididamente: salvar os jovens pobres, marginalizados e, por eles chegar às suas famílias para as ajudar também. Esta é a Missão que Jesus confia a toda a Família Salesiana. Então, rezemos agora para que o mesmo Jesus nos mande homens e mulheres dispostos a trabalhar nessa Missão, que é Vontade Sua e, por isso, não a pode abandonar. Não é Jesus que está surdo aos nossos pedidos de mais vocações. Somos nós que as pedimos para as empregar em missões que não são as Suas, porque as concebemos nós sem consultar a Sua Vontade. Tenhamos a humildade suficiente para Lhe dizer: queremos fazer a só a Tua vontade. Manda-nos, para isso, irmãos generosos que distribuam, na Tua messe, as múltiplas graças que tens para nos conceder. Na Tua Vontade, pedimos vocações, para a Tua Missão: com os jovens, segundo o coração de D. Bosco.
P. Joaquim Taveira da Fonseca
DNFS