Na última Consulta Regional realizada em Madrid entre 9 e 11 de junho passado, fomos desafiados a refletir sobre o tema “Pensando a missão futura da ASC na Região Ibérica”.
Este é, sem dúvida, um desafio muito ambicioso, mas esta reflexão remete-nos para uma outra mais importante baseada num debate sério sobre a realidade do Salesiano Cooperador hoje.
E para esta reflexão podemo-nos centrar no nosso PVA que define o salesiano cooperador como um cristão católico, secular, salesiano e nos apresenta o seu perfil, de modo a viver idoneamente a sua vocação e realizar a sua missão no mundo. Até aqui, nada de novo. Certamente que este Livro de Vida é estudado e assimilado nos encontros mensais dos grupos locais.
Mas há um clamor que surge: E agora…Salesiano Cooperador? Sendo os jovens os nossos destinatários, o que estamos a fazer por eles? Que resposta estamos a dar aos apelos da sociedade, da Igreja ,…do próprio Dom Bosco? Como é que estamos a responder ao nosso sentido de pertença e à vivência da identidade salesiana? Como é que estamos a promover o espírito católico no mundo? Como estamos a viver o espírito salesiano na Família Salesiana? O que estamos a fazer para revitalizar os nossos grupos locais?
Estas questões devem inquietar-nos, porque ao refletirmos sobre este tema sobressai-nos a ideia de que o carisma não é manter os lugares, fazer umas reuniões mensais, realizar uns passeios e convívios, mas responder às necessidades dos jovens mais necessitados. Para corresponder a esta ideia talvez devêssemos prestar mais atenção aos “desafios do mundo que formam o contexto em que vivemos, e que não são apenas um cenário, mas também e sobretudo, um interlocutor através do qual Deus nos fala, pedindo-nos que demos atenção ao Espírito e escuta ao clamor dos pobres”.
Outro aspeto que não podemos deixar de considerar e que é de grande angústia para todos e sobretudo para os jovens é a incerteza do futuro. Começámos o milénio e o século XXI com grandes expectativas de paz, de tal maneira que alguém se atreveu a falar do “fim da história”. Hoje, há que ter em conta a realidade laboral e familiar de cada salesiano cooperador. As dificuldades são muitas e a realidade laboral transmite tanta insegurança que impede que o salesiano cooperador se comprometa na sua vocação. Depois, a família e as questões económicas.
Perante este cenário os centros de salesianos cooperadores funcionam de acordo com a realidade onde estão inseridos.
Há muito trabalho a fazer e um grande caminho a percorrer. Fica um apelo à nossa organização interna. Queridos salesianos cooperadores, apostemos na formação dos grupos a todos os níveis, no acompanhamento individual dos grupos, e numa responsabilidade madura dos leigos.
Deixo uma proposta: os salesianos cooperadores podiam aliar-se aos SDB e às FMA para trabalhar em conjunto, a realidade que tão bem conhecem que são os jovens de hoje, tendo em conta o Sínodo que se vai realizar em outubro de 2018.
Tal como Dom Bosco, aqueles que hoje formamos esta grande árvore que é a Família Salesiana, queremos continuar a ser o rosto visível de D. Bosco no mundo para os ideais do verdadeiro projeto de homem ou mulher que Jesus nos mostrou.
Maria José Barroso
Coordenadora Provincial ASC