O papel do Delegado da FS | FS

> Palavras ao Ouvido > O papel do Delegado da FS | FS

Cingindo-nos apenas a um grupo da Família Salesiana – os Salesianos Cooperadores – gostaria hoje de apresentar esta figura do Delegado. E para que a apresentação não seja fruto duma pessoal visão subjetivista, sirvo-me do Projecto de Vida Apostólica que é a Carta de Identidade Carismática da Associação. A sua importância é de tal ordem que, sem conhecermos e pormos em prática essa Carta, corremos o risco de desvirtuarmos a verdadeira identidade espiritual e apostólica que D. Bosco quis para esta Associação. É meu propósito voltar a estudar convosco, Salesianos Cooperadores, outros pontos desta Carta – PVA. Hoje, porém, vou fixar-me no papel do Delegado.

A Palavra Delegado sugere que este representa alguém: aquele que delegou. O Reitor Mor e os Provinciais têm os seus Delegados, conforme nos indica o PVA. No entanto, o propósito aqui expresso refere-se somente ao Delegado do Provincial para cada Grupo local de Salesianos Cooperadores da sua Província. O seu papel é, pois o de representar o Provincial junto de cada um dos grupos. Não é eleito pelo grupo, mas nomeado pelo Provincial e, como diz o PVA, para: “garantir o vínculo de união seguro e estável com o espírito salesiano e partilhar a experiência carismática e espiritual do Fundador; participar nas responsabilidades de decisão colegial da Associação; estimular as responsabilidades dos Conselhos e solicitar a sua autonomia organizativa na comunhão carismática com a Sociedade de S. Francisco de Sales e com o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora; oferecer um serviço de guia espiritual, educativo e pastoral, para apoiar um apostolado mais eficaz dos Salesianos Cooperadores no território”.

Depois de citar, de forma livre, mas fiel, o que nos diz o art.26 do PVA, salientei alguns verbos que vão definir o papel do Delegado de um grupo local de Salesianos Cooperadores. Nenhum dos verbos salientados indicia qualquer género de dirigismo, substituição ou protagonismo do delegado. Nenhum deles nos indica qualquer tarefa que os protagonize e todos eles nos sugerem serviço discreto, ajuda, orientação, partilha e estímulo.

Por vezes, é um pouco difícil ao Delegado ficar no seu respectivo lugar, porque lhe surgem imensas razões para o não fazer: o grupo é composto por elementos com pouca cultura espiritual, já são adiantados em idade, muitos são tímidos e sempre se habituaram a obedecer a directivas vindas do “alto” e a pensar pela cabeça de quem “ mais sabe”. E não raras vezes, surge o desejo, talvez legítimo, de dinamizar fortemente o grupo e ninguém melhor para o fazer do que o Delegado.

O que, algumas vezes, se esquece é que os Salesianos Cooperadores é um Movimento de leigos e que, como tal, tem que ser movimentado por eles. São precisamente eles os protagonistas e, verificando-se todas as carências e limitações referidas no parágrafo anterior e ainda outras, o papel do delegado não se altera: servir discretamente de ajuda, de orientação, de partilha do que sabe e de estímulo. Um grupo funciona bem, quando todos (mesmo todos!) sentem que podem ter uma palavra no que fazem e quando o que fazem saiu da sua iniciativa de grupo por ideias mais ou menos brilhantes, mas suas. Nessa altura o Delegado deve congratular-se, porque tem um grupo em acção, a crescer, a ter protagonismo e ao qual, como pai espiritual, ajudou nesse crescimento com a palavra discreta, o auxílio oportuno, a orientação necessária dentro do carisma salesiano. Então descobre que ser Delegado é ser anjo da guarda do grupo. Isso mesmo! E os elementos do grupo sentem-se protegidos ao mesmo tempo que descobrem que a tarefa é deles e que eles são capazes de muito mais do que pensavam. E o grupo torna-se mais vivo, mais actuante e mais salesianamente apostólico.

P. Joaquim Taveira da Fonseca
DNFS