Testemunho de Família – Fernando Martins (ADMA Mte. Estoril)

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Hoje é dia 27 de Novembro, o primeiro Domingo do Advento. Levantámo-nos cedo, eu e minha mulher, para não chegarmos tarde à Igreja de S. João do Estoril e assistirmos à Missa das 11:30. Chegamos ainda a tempo de participar no Terço, habitualmente rezado ante do início da Missa.

Ainda antes de iniciar a Missa, o Senhor Padre fez apelo à energia de todos nós neste tempo frio mas que não se sente dentro de nós porque estamos no início do Advento, da Boa Nova, da chegada de Jesus Cristo.

À nossa frente estava uma Família composta por uma senhora e quatro filhos, todos pequeninos, os quais abraçava e beijava constantemente, com uma intensidade afectiva maternal que nos comovia.

Depois sucederam-se as Leituras, que ouvimos atentamente, e depois o Evangelho, que ouvimos também atentamente e com o coração aberto. O Senhor padre explicou o seu significado dizendo que Advento significa “O que há de vir, a boa nova…”, que é vinda de Cristo Salvador; Depois comparou o Advento com o Dilúvio, numa comparação que parecia surpreendente mas explicou:” Antes de Noé, as pessoas faziam festas, divertiam-se perversamente e embriagavam-se, até que veio o dilúvio e tudo levou, porque não estavam preparadas; O Advento é também Jesus Cristo a dizer: “ Anuncio-vos a minha chegada, por isso estejam preparados para esse dia!”; Só que Jesus iria trazer a Salvação dos homens e não dilúvios de sangue nas guerras fratricidas que hoje acontecem no Mundo; Para isso entregou a Sua vida morrendo na Cruz e em vez de guerras pediu aos homens: “Amai-vos uns aos outros!”.Mas disse também Jesus que brevemente irá chegar para ficar entre nós, no coração de cada um, mas um dia irá voltar de novo, uma segunda vez de forma gloriosa e solene, mas nesse dia só O verá que estiver preparado.

O Senhor padre comentou ainda no final uma frase extraída do cântico final:” Inundai Senhor com a Tua Luz todo o meus ser!”, e lembrou o dia 8 de Dezembro, dia Imaculada Conceição, e o que Nossa Senhora disse em relação a Jesus Cristo:” Fazei tudo o que o Meu Filho disser!”

Mas o Compromisso não era dar um “Testemunho de Família”, e o que é ser ADMA e pertencer à Família Salesiana? Para quê descrever um comportamento tão vulgar para quem é Cristão que é assistir a uma Missa? Para mim é agora um comportamento normal, mas não era há cerca de cinco anos atrás, quando o destino, que é Deus, me abriu as portas das FMA no Monte Estoril.

Tudo começou no momento em que ao entrar no Hall de entrada reparei na imagem de Nossa Senhora à minha direita; Enquanto a muito saudosa Irmã Carminda dava seguimento ao encontro que tinha marcado, eu fiquei imóvel diante de Nossa Senhora, uma imagem tão grande que só me lembrava de igual quando com talvez oito anos, numa peregrinação a Fátima, e junto à capelinha das Aparições, minha mãe pegando-me na mão me disse: “ Estás a ver uma Nossa Senhora tão grande e tão bonita? Eu sou a tua Mãe da Terra e Ela é a tua Mãe do Céu! É a única Mãe que eu não me importo que gostes mais do que de mim!”

Naquele momento senti que algo em mim mudou; Senti que tinha iniciado naquele momento um diálogo com Nossa Senhora! Antes falava com Ela, porque minha Mãe era devota, e cresci vendo-a rezar o terço, e ler seu “Missal” que teve sempre em cima da mesa até ao último dia, e que hoje guardo ao lado de um “Menino Jesus” que me acompanharão ao Céu, se merecer! Mas mesmo que rezasse, não me sentia em diálogo com Nossa Senhora! Hoje sinto-me em permanente diálogo com Ela!

Quando me dei conta estava a Irmã Carminda a olhar para mim, e eu pedi-lhe desculpa por não lhe ter dado atenção.

“ Vê-se que o senhor é amigo de Nossa Senhora! Deixe-se estar enquanto a Irmã não desce, e se quiser pode ir depois à nossa capela!” – Disse-me Ela.

Eu respondi: “ Sabe Irmã, eu não imaginava que um dia pudesse ficar tão perto de Nossa Senhora, e de ter tido a possibilidade de falar com Ela;… perguntei-lhe pela minha Mãe…!”

“Nós temos em nossa Casa uma Associação à qual, se quiser, pode aderir, mas para isso terá que falar com a Irmã Fernanda Afonso. Como vejo que gosta tanto de Nossa Senhora não me parece difícil, mas Ela é que sabe…; Se quiser eu posso chamá-La! Referia-se a Irmã Carminda à Associação dos Cooperadores Salesianos, da qual Irmã Fernanda Afonso era Delegada.

“Pode ser Irmã! Depois de ser atendido posso falar com a Irmã Fernanda”- Respondi sentindo um entusiasmo até para mim inesperado, e ao mesmo tempo uma vontade tão grande de não mais sair daquela Casa, onde está Nossa Senhora! Era o chamamento!

Enquanto via a Irmã Fernanda descer as escadas, mais perto me ia sentindo do Céu e de Nossa Senhora!

“Boa tarde! Parece que gostava de falar comigo e fazer parte da nossa Família, é verdade?” – perguntou-me a Irmã Fernanda com um ar sério.

“Gostava muito Irmã, porque eu preciso preencher o meu tempo de outra forma. Eu, minha mulher e minha Filha não temos a nossa família perto, e temos necessidade de experimentarmos outras iniciativas culturais e religiosas; Se for possível…”

A Irmã Fernanda perguntou-me então se era baptizado, casado pela Igreja, se tinha feito a primeira comunhão…, e a todas as perguntas respondi sim. Convidou-me então para assistir a uma reunião ADMA, onde havia algumas pessoas já de certa idade, e a quem a Irmã Fernanda me apresentou assim:

“Este senhor quer fazer parte da nossa Família, e penso que tem condições para o merecer; pelo menos parece entusiasmado, o que é um bom princípio. Ah! E parece que gosta muito de Nossa Senhora!”

“Ainda bem, porque precisamos de pessoas mais novas; somos poucos, e já velhos!” – Respondeu uma senhora já velhinha, mas num tom de tanta ternura, que mais ainda me entusiasmou a querer fazer parte daquela Associação; daquela Família!

Nessa reunião falou-se muito de D. Bosco: Como fundador dos vários Grupos da Família Salesiana, da Sua obra (Entregou-me “ As Memórias do Oratório”), da Carta de Identidade Carismática da Família Salesiana, do carisma salesiano, etç. A minha primeira reação foi de vir a correr para casa, começar e a ler “As Memórias do Oratório”, e pesquisar na Internet tudo sobre D. Bosco. Em pouco tempo, com as formações, Os Lemas do Reitor Mor, e a minha dedicação, entranhei D. Bosco definitivamente; E definitivamente me senti outra pessoa!

Mas essa outra pessoa que era eu, passou a ter uma outra dimensão a partir do momento em que se iniciou o meu envolvimento e o convívio com as pessoas dos outros Grupos Salesianos: Senti uma afetividade fraterna invulgar, uma alegria contagiante, e o princípio de uma vida diferente, em diálogo permanente com Nossa Senhora, partilhando o tempo com as pessoas dos outros Grupos, dando á minha vida uma dimensão espiritual maior, feita de afectos, de alegria, caminhando acompanhado por quem segue no mesmo caminho, como quem sabe que D. Bosco espera por nós no Céu.

Para além de tudo, pertencendo à Associação de Maria Auxiliadora (ADMA) e ao meu amor intrínseco por Nossa Senhora, agora a minha vida norteia-se por uma espiritualidade sustentada seguindo o exemplo de Maria, e por atitudes quotidianas de apostolado, como por exemplo ir à Missa (e estar atento ao Evangelho como nos pede insistentemente a Irmã Marsília), e se possível envolver-me nas acções da Igreja. Mas a Família tem também um papel central; Na verdade, quando os nossos dias em família são de primavera, imperam os sorrisos e a boa disposição; Quando os nossos dias são de Outono, aprendi a não baixar os braços como se fossem folhas a cair, e desistir de olhar para uma árvore que não acredito volte a florir! Não! Agora deixo, de forma serena, apaziguadora, as folhas cair, acreditando que os ramos voltarão de novo a florir! Agora há muito mais Primavera do que Outuno na minha vida!

Que seja para sempre merecedor de pertencer à Família Salesiana, e digno de caminhar no Caminho que D. Bosco escolheu para mim através dela.