Deus concede à Sua igreja uma inumerável riqueza de Carismas em vista das missões específicas que deseja realizar em favor do seus filhos. São graças especiais confiadas a filhos especiais que, dentro da mesma Igreja, procuram realizar o desígnio salvífico de Deus no específico da missão que lhes foi confiada. D. Bosco foi um desses filhos especiais a quem foi confiado o Carisma da salvação dos jovens pobres e abandonados da atenção e auxílio de uma Sociedade fechada no seu egoísmo.
O Carisma recebido e paulatinamente descoberto por D. Bosco através da abertura à acção do Espírito a trabalhar na sua alma, revelou-lhe a necessidade de congregar forças vivas que o ajudassem a realizar a missão a si confiada. O Deus que concede o Carisma suscita também naquele que O acolhe as pessoas e os meios necessários para a sua realização. Aos poucos o carisma de D. Bosco transformou-se no Carisma de uma Família, numerosa e diversa nos seus membros, família que procura ser D. Bosco num mundo cada vez mais extenso e necessitado.
Um Carisma não se recebe por osmose, de modo que bastasse apenas a proximidade para o garantir. Se Deus chamou D. Bosco e lhe doou um Carisma, também todos aqueles e aquelas que partilham da missão salesiana são chamados por Deus com uma vocação específica. Ser salesiano não é apenas ter estado em contacto temporário com os filhos e filhas de D. Bosco, mas aceitar viver o seu carisma, o carisma do Fundador, o que supõe um chamamento específico. E como um Carisma é como o pão que alimenta uma verdadeira família espiritual, procurar esse pão é tarefa de todos os membros da Família Salesiana.
Jesus no Evangelho criticou aqueles que já se sentiam satisfeitos por se considerarem povo eleito, como se isso bastasse para os justificar. Para eles ser filhos de Abraão dava-lhes direitos que os cristalizavam numa religião e num culto que a nada conduzia. Não basta dizer-se filho de D. Bosco é necessário ter sido chamado por Deus a sê-lo.
Um Carisma é, por natureza uma realidade dinâmica, e pertencer a uma Família Salesiana leva-nos a entrar decididamente dentro do dinamismo desse Carisma. Ele tem que ser redescoberto constantemente tal é a riqueza inexplorada que encerra. Não se pode colocar dentro duma redoma para contemplação; não se pode congelá-lo para o conservar como o recebemos do santo Fundador. A fidelidade não passa por aí, porque a fidelidade à missão – que faz parte da essencialidade do carisma – é, por natureza, dinâmica: procura descobrir, adaptar, responder às solicitações legítimas da mesma missão, aprofunda para chegar ao cerne da resposta pedida pelos jovens ao carisma salesiano.
Daqui se pode inferir a necessidade imprescindível da formação. É um assunto urgente para toda a família salesiana. Uma formação que a ajude a encontrar as melhores respostas. E a fidelidade esta aí: conhecer para amar e ser fiel; explorar um manancial de riqueza espiritual que o Carisma Salesiano possui; doá-lo pronta e generosamente à juventude para que a demora não os faça morrer de fome de Deus, fonte única da sua felicidade.
P. Taveira da Fonseca
Delegado Provincial para a Família Salesiana