17 e 18 de maio de 2025

73.ª Peregrinação Nacional Salesiana a Fátima

Programa

Dia 17 de maio

15h00 – Musical “D. Bosco” no auditório do Centro Paulo VI
17h00 – Saudação a Nossa Senhora na Capelinha das Aparições
18h00 – Celebração da Eucaristia na Basílica da Santíssima Trindade
21h30 – Recitação do Terço do Rosário na Capelinha, seguido da Procissão de velas

Dia 18 de maio

10h00 – Recitação do Terço do Rosário na Capelinha das Aparições
11h00 – Eucaristia no Altar do recinto e Procissão do Adeus

Tema

Neste ano Jubilar da Esperança cumprimos a nossa 73ª Peregrinação Nacional Salesiana a Fátima. Em todos estes anos temos vindo a ser fiéis ao compromisso anual com Maria Mãe de Jesus. De facto, devemos muito a quem veio antes de nós e nos transmitiu a Fé através do seu testemunho orante e do seu trabalho na edificação do Povo de Deus que é a Igreja. Sob a proteção de Nossa Senhora de Fátima, as Terra de Santa Maria foram para nós o berço bem preparado pelos nossos antepassados para crescermos na Igreja e nela alimentarmos e recebermos a inspiração e a graça para continuarmos fiéis ao seu legado, até ao dia de hoje. 

É bom recordar que caminhar para Fátima é ir ao encontro de Maria que nos pede penitência e oração pela conversão dos pecadores. Começando por nós mesmos, recordemos o que nos disse, a este respeito, o Papa S. Paulo VI: “A paz nasce de um coração reconciliado com Deus, com os irmãos e connosco mesmos” (Paulo VI, na mensagem para o dia mundial, da paz “A reconciliação caminho para a Paz, janeiro de 1975).

Foi este o itinerário de oração e sacrifício que foi percorrido pelos que nos antecederam e, por nós, ao longo destes setenta e dois anos. Um tempo em que junto da Mãe fomos descobrindo que Fátima é a Casa de todos e para todos. Nós que, desde o início, vimos em Dom Bosco, um padre com os olhos postos na esperança de uma vida melhor para os seus rapazes mais pobres, aceitamos o desafio como portadores da Esperança, que só Cristo dá, confiando em Maria Mãe de Jesus como Dom Bosco nos testemunhou. 

Esta nossa peregrinação a Fátima, onde Maria se dignou vir de novo chamar-nos a cumprir a vontade de Deus pela voz e testemunho de três humildes crianças, é também um gesto para dar graças por todos estes anos em que a fé nos conduziu até Fátima. 

Tendo em conta o mundo em guerras e as maiores necessidades da humanidade, peçamos a Cristo Ressuscitado que nos ensine que a paz: é dentro de nós que a paz começa; nasce da reconciliação connosco mesmos, escutando a nossa vida interna em vez de a omitir, dando espaço e dignidade às dimensões mais vulneráveis do nosso ser, reconhecendo com humildade a frustração e os nossos falhanços, a violência e a agressividade que também em nós residem.

Só assim seremos capazes, depois, de compreender e cuidar verdadeiramente dos outros.

Peçamos a Cristo Ressuscitado que nos ensine que a paz: nasce do perdão, da capacidade de transformar as nossas armas de guerra em relhas de arado, como diz o profeta;  não é pré-fabricada, mas se tece como um lento artesanato; nasce da arte de colocar em relação fios muito diversos, respeitando a unicidade de cada um e, ao mesmo tempo, descobrindo o significado profundo da convivialidade e do encontro; não tem vencedores nem vencidos, mas é uma roda de seres humanos que dão as mãos e aprendem a aceitar-se na mútua fragilidade.

Seres que abraçam nos seus semelhantes a mesma solidão que trazem dentro de si, mesmo se em graus diferentes, e não desistem de valorizar o desejo, as razões e os sonhos que fazem de cada pessoa, com Maria, um peregrino de esperança, que caminha em direção a Cristo, Mestre e Senhor da verdadeira paz.

A paz começa num coração reconciliado com Deus, com os irmãos e irmãs e consigo mesmo. Que Maria nos assista e cuide sempre. Feliz e Santa Peregrinação a Fátima 2025.

Peregrinação Nacional Salesiana a Fátima, 17 e 18 de maio de 2025
Artur Pereira, sdb

 

 

Oração da manhã

Guia: Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Ámen.

Canto: (à escolha)

Leitor 1: Senhor nosso Deus, Pai de infinita bondade, nesta manhã em que peregrinamos para a Fátima, damos-te graças por este novo dia e pela oportunidade que temos em estar juntos.
Confiamos-Te os nossos caminhos e o desejo de sermos, como Maria, peregrinos de esperança e portadores da Tua luz no mundo.
Com o coração cheio de gratidão, colocamos, sob a proteção de Nossa Senhora de Fátima, as nossas vidas, intenções e projetos. Pedimos que esta Peregrinação nos renove e faça crescer na fé, na esperança e no amor.

Todos: Maria, nossa Mãe e guia, ajuda-nos a caminhar com confiança e alegria, para sermos fiéis ao Evangelho do Teu Filho e capazes de dar as nossas mãos a quem mais delas precisa.

Leitor: Do Evangelho segundo São Lucas (Lc 1,39-45)

Naqueles dias,
Maria pôs-se a caminho
e dirigiu-se apressadamente para a montanha,
em direção a uma cidade de Judá.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
o menino exultou-lhe no seio.
Isabel ficou cheia do Espírito Santo
e exclamou em alta voz:
«Bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre!
Donde me é dado que venha ter comigo
a Mãe do meu Senhor?
Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos
a voz da tua saudação,
o menino exultou de alegria no meu seio.
Bem-aventurada aquela que acreditou
no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».
Palavra do Senhor.

Todos: Graças a Deus.

Guia: Maria é a mulher que acredita, que se põe a caminho e leva consigo a alegria de Cristo.
A sua visita a Isabel é um sinal de grande esperança para O povo de Deus. O encontro de Maria e Isabel a certeza de que Deus realiza as Suas promessas e cumpre o Seu Plano Salvador.
Hoje, somos convidados a seguir o exemplo de Maria. Como peregrinos de esperança, caminhemos, com fé e coragem, e levemos ao mundo a alegria e a boa nova de Cristo nossa Esperança. Que esta peregrinação seja para cada um de nós um momento de conversão e renovação espiritual, para que possamos proclamar, como Isabel: “Bem-aventurada aquela que acreditou”, e imitarmos Maria, peregrinos de Esperança.

Todos: Virgem Maria,
Mãe dos Peregrinos, Senhora do Rosário,
Tu que acolheste os apelos de Deus
e os transmitiste aos Pastorinhos,
acompanha-nos neste dia de peregrinação. Ave Maria….
Ensina-nos a viver com fé, como Tu viveste.
Ajuda-nos a proclamar a esperança do Evangelho com alegria.
Faz-nos instrumentos de paz e amor,
testemunhas vivas do Teu Filho Jesus no mundo. Ave Maria…
Nossa Senhora de Fátima,
caminha connosco, orienta os nossos passos
e ampara-nos em todas as situações da vida,
para que, possamos ser sinais de esperança e luz. Ave Maria…

Guia: Deus de amor e bondade,
neste dia de peregrinação, consagramos-Te os nossos passos e intenções.
Confiamos no poder intercessor de Maria, nossa Mãe,
e pedimos que este dia fortaleça em nós a fé,
renove a nossa esperança
e nos inspire a viver no amor.
Acolhe, Senhor, cada oração silenciosa
que trazemos no coração.
E faz com que esta peregrinação
nos introduza no encontro profundo conTigo,
verdadeiro Sol das nossas vidas.
Por Jesus Cristo, nosso Senhor.

Todos: Ámen.

Guia: O Senhor nos abençoe,
nos livre de todo o mal
e nos conduza à via eterna.
Bendigamos ao Senhor.

Todos: Graças a Deus

Canto: (à escolha)

Sinopse do musical “D. Bosco”

O “Musical Dom Bosco” é uma adaptação do original italiano “Don Bosco, il musical”, com textos de Renato Baigioli e Piero Castellacci, e música de Alessandro Aliscioni e Achille Oliva, e é uma homenagem ao sacerdote que dedicou toda a sua vida aos jovens órfãos e desfavorecidos.

São João Bosco (1815-1888), fundador dos Salesianos, escolheu como programa de vida Da mihi animas, cetera tolle, Dai-me almas e levai o resto, tendo construído uma obra assente em três pilares: a razão, a religião e a amabilidade.

Ao longo de hora e meia, o público é convidado a percorrer os mais importantes momentos da vida do Santo de Turim, “Pai e Mestre da Juventude”, como lhe chamou S. João Paulo II.

Com direção artística e coreografia da professora Ana de Morais e direção musical do professor Luís Pereira, professores do Musicentro de Lisboa, o musical conta com um elenco de cerca de 30 jovens atores.

Depois da apresentação no Festival da Juventude da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, o “Musical D. Bosco” vai ser apresentado com um novo elenco em Fátima para a Família Salesiana.

Saudação a Nossa Senhora

Canto: Bendizemos o teu nome…

Bendizemos o teu nome, Mãe do Céu, Virgem Maria;
bendizemos à porfia o teu Filho Salvador.

Aqui vimos, Mãe querida,
consagrar-te o nosso amor. (2x)

Esmagaste, ó Virgem santa toda bela e imaculada,
a cabeça envenenada do dragão enganador!

Todo o mundo, ó mãe bendita, cheio está de tuas glórias,
de perpétuas memórias, de teu nome e teu louvor.

Advogada poderosa, o Universo em ti confia
porque és tu refúgio e guia para o justo e pecador.

 

Presidente: Em nome do Pai… A graça de NSJC…

Todos: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.

 

Presidente: Saudação do Presidente (ad libitum)

Voz 1: Da Bula de proclamação do grande jubileu ordinário do ano 2025, escrita pelo Papa Francisco, intitulada: Spes Non Confundit (A Esperança não engana).

A esperança nasce do amor e funda-se no amor, que brota do coração de Jesus trespassado na cruz (Rm 5,10). E a sua vida manifesta-se na nossa vida de fé, que começa com o batismo, desenvolve-se na docilidade à graça de Deus e é por isso animada pela esperança, sempre renovada e tornada inabalável pela ação do Espírito Santo.

Na verdade, é o Espírito Santo com a sua presença perene no caminho da Igreja, que irradia nos crentes a luz da esperança. Com efeito a esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá separar-nos do amor de Cristo (Rm 8,35.37-39).

Por isso mesmo, esta esperança não cede nas dificuldades: funda-se na fé e é alimentada pela caridade, permitindo assim avançar na vida (SNC, 3).

Voz 2: Com Maria, Mãe da Igreja, Peregrinos de Esperança cantemos:

          

Canto: Ave Maria, Mãe da Igreja…

Avé Maria, mãe da Igreja, Santa Maria, minha mãe. (2x)

Tu és a estrela, tu és mãe da verdade!
Tu és caminho, que leva à eternidade.

Dá luz, dá fé à nossa juventude
dá paz, dá esperança, caminhos de virtude.

Vamos viver, amar-nos como irmãos
e ao mundo inteiro queremos dar as mãos.

 

Presidente: Nestes dias santíssimos da Páscoa elevemos a nossa oração ao Pai celeste pela Igreja, pelo Papa e pelas necessidades de todo o mundo (SNC, 7-15), cantando:

Coro: Ouvi-nos, Senhor.

 

Voz 3: Para que sejamos capazes de descobrir nos sinais dos tempos que o Senhor oferece, a esperança na graça de Deus, cantemos;

Voz 4: Para que o primeiro sinal de esperança se traduza em paz para o mundo, cantemos;

Voz 5: Para que adolescentes e jovens vejam futuro para as suas vidas, cantemos;

Voz 6: Pelos presos, a quem o Papa Francisco considerou tanto, para que a misericórdia de Deus e dos homens lhes deem a verdadeira liberdade, cantemos;

Voz 7: Para que os doentes adquiram a saúde, os idosos sejam respeitados, os migrantes encontrem uma vida melhor e os pobres tenham o necessário para viver, cantemos:

 

Presidente: Oremos,

Irmãs e irmãos deixemo-nos atrair pela Esperança que é Cristo, consentindo-Lhe que, por nosso intermédio, interpele quantos a desejam e assim possam confiar no Senhor, ser fortes e corajosos. A força da Esperança encha o nosso presente, aguardando com confiança o regresso do Senhor Jesus Cristo, a Quem é devido o louvor e a glória por todos os séculos dos séculos (Cf. SNC, 25)

 

Presidente: O Senhor esteja convosco… Abençoe-vos Deus todo-poderoso…

Todos: Ámen…

 

Canto: A treze de maio…

A treze de Maio, Na Cova da Iria,
Apareceu brilhando A Virgem Maria.

Ave, Ave, Ave, Maria!
Ave, Ave, Ave, Maria!

A Virgem Maria, cercada de luz,
Nossa Mãe bendita E Mãe de Jesus.

Foi aos Pastorinhos que a Virgem falou,
Desde então nas almas Nova luz brilhou!

Com doces palavras, mandou-nos rezar,
A Virgem Maria Para nos salvar.

 

Eucaristia (Cânticos e Liturgia)

ENTRADA
Une os nossos corações
uma mesma vocação,
em Jesus que nos salva,
sem qualquer tribulação.

Ele é Deus e Senhor nosso:
Nele pomos nossa fé.
Nele ancoramos a esperança.
Ele em nós

É um só Senhor,
Uma só fé,
Um só batismo
Vida nova no Espírito
Nesse amor que Deus é.
Um só Deus
E Pai de todos,
Que age em nós
E em nós permanece
Na riqueza do amor que nos leva
À estatura de Cristo.
Um só Senhor! Uma só fé!
Um só Senhor!

Reunidos pelo Espírito,
um só corpo nós formamos,
membros de uma só família
que o Senhor alicerçou.
Ele habita em nós, no barro
da noss’ incerteza.
Nele ancoramos a esperança,
Ele em nós

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ATO PENITENCIAL
Senhor, sois o meu Deus,
Desde a aurora Vos busco,
Em minh’ alma suspiro por Vós,
Minh’alma tem sede de Vós
Como terra sem água.

Eu quero contemplar
Vosso Amor, Vossa Glória,
Visitar Vosso templo e cantar:
Minh’alma tem sede de Vós,
Como terra sem…

Água,
Vossa graça vale mais do que a vida.
Agua,
A vida inteira não chega
Para Vos bendizer,
A vida inteira não chega
para amar.

Assim Vos bendirei
Por toda a minha vida
E em louvor abrirei minhas mãos:
Minh’alma tem sede de Vós
Como terra sem água.

Senhor, quando ao deitar
Por um momento Vos sinto
Passo a noite a pensar em Vós:
Minh’alma tem sede de Vós
Como terra sem…

Meu Deus, repouso em Vós,
À sombra das Vossas asas
E exulto confiante, por fim:
Minh’alma tem sede de Vós
Como terra sem água
Unido a Vos estou,

À Vossa mão que me ampara;
Em minh’alma Vos busco, Senhor:
Minh’alma tem sede de Vós
Como terra sem…

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GLÓRIA
Glória, Glória a Deus nas alturas.
Glória, Glória a Deus e paz na terra
aos homens por Ele amados.
Glória, Glória a Deus.

Senhor Deus, Rei dos céus,
Deus Pai Todo-Poderoso:
nós Vos louvamos, nós Vos bendizemos,
nós Vos adoramos, nós Vos glorificamos,
nós Vos damos graças, por vossa imensa glória.

Senhor Jesus Cristo, Filho Unigénito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus nosso Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.

Só Vós sois o Santo, só Vós o Senhor,
só Vós o Altíssimo, Jesus Cristo,
Com o Espírito Santo
Na glória de Deus nosso Pai. Amén

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LEITURA I Atos 14, 21b-27
«Contaram à Igreja tudo o que Deus tinha feito com eles»

Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, Paulo e Barnabé voltaram a Listra, a Icónio e a Antioquia. Iam fortalecendo as almas dos discípulos e exortavam-nos a permanecerem firmes na fé, «porque – diziam eles – temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus». Estabeleceram anciãos em cada Igreja, depois de terem feito orações acompanhadas de jejum, e encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham acreditado. Atravessaram então a Pisídia e chegaram à Panfília; depois, anunciaram a palavra em Perga e desceram até Atalia. De lá embarcaram para Antioquia, de onde tinham partido, confiados na graça de Deus, para a obra que acabavam de realizar. À chegada, convocaram a Igreja, contaram tudo o que Deus fizera com eles e como abrira aos gentios a porta da fé.
Palavra do Senhor.

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SALMO RESPONSORIAL
Louvarei para sempre o vosso nome,
Senhor, meu Deus e meu Rei.

O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende
a todas as criaturas.

Graças Vos dêem, Senhor, todas as criaturas
e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso reino e
anunciem os vossos feitos gloriosos.

Para darem a conhecer aos homens o vosso poder,
a glória e o esplendor do vosso reino.
O vosso reino é um reino eterno,
o vosso domínio estende-se por todas as gerações.

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LEITURA II Ap 21, 1-5a
«Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos»

Leitura do Livro do Apocalipse
Eu, João, vi um novo céu e uma nova terra, porque o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, bela como noiva adornada para o seu esposo. Do trono ouvi uma voz forte que dizia: «Eis a morada de Deus com os homens. Deus habitará com os homens: eles serão o seu povo e o próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; nunca mais haverá morte nem luto, nem gemidos nem dor, porque o mundo antigo desapareceu». Disse então Aquele que estava sentado no trono: «Vou renovar todas as coisas».
Palavra do Senhor.

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ACLAMAÇÃO DO EVANGELHO
Aleluia, Aleluia, Aleluia, Aleluia,
Aleluia, Aleluia, Aleluia (BIS)

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EVANGELHO Jo 13, 31-33a.34-35
«Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Quando Judas saiu do Cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora. Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».
Palavra da salvação.

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OFERTÓRIO
Tomai, Senhor, e recebei
toda a minha liberdade,
a minha memória
e o meu entendimento,
toda a minha vontade
e tudo o que eu possuo
Vós mo destes, a Vós o restituo.

Tudo é Vosso, disponde.
Pela Vossa vontade,
dai-me apenas, Senhor,
o Vosso amor e graça,
que isso me basta;
que isso… me basta.

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SANTO
Santo, Santo,
Santo é o Senhor,
Senhor Deus do universo.
Céus e terra proclamam
para sempre a Vossa glória.

Ó Hossana nas alturas,
Bendito é Aquele que vem
Em nome do Senhor,
Ó Hossana nas alturas. (BIS)

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CORDEIRO
Deus de amor, o cordeiro
que S’entregou p’los nossos pecados
Tende piedade, tende piedade,
Tende piedade,
Tende piedade de nós (2x)

Deus de amor, o cordeiro
que S’entregou p’los nossos pecados
Dai-nos a paz, dai-nos a paz,
Dai-nos a paz,
Dai-nos a paz, Senhor

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COMUNHÃO
Pão do céu, pão de Deus, Vida em mim és Senhor Jesus
No caminho da vida és o pão que dá força e luz
Quem comer deste pão viverá por mim
Quem deste vinho beber viverá no amor
E feliz reinará com o seu Senhor.

Bom Pastor és caminho seguro, verdade e vida
Quem te segue não anda no mundo perdido e só
Nem a vida ou a morte, ou algum poder
Do seu amor poderá jamais separar
Para a vida sem fim ressuscitará.

Eu sou o pão da vida
Eu sou a ressurreição
Tomai e comei este é o Meu corpo
pão da vida e unidade.

Permanecei em Mim
Eu a videira, vós os ramos
Tomai e bebei este é o Meu sangue
Para a vossa salvação.

Pão do céu é o maná que nos dás com sabor a Ti
És a força que alenta o nosso peregrinar
Quem tem sede há de em ti encontrar a fonte
Da alegria sem fim e da tua paz
E brotará dele um rio de água viva.

Para quem havemos de ir se tu és o Santo de Deus
As palavras, Senhor, que nos dás são de vida eterna
Quem te segue não se perderá na noite
Em caminhos e vales de solidão
Pois terá luz da vida, vida verdadeira.
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Ao partir do pão liberta-se um olhar em nós,
Presença de Deus Vivo,
O que aconteceu agora em nossa vida.
Tarde Te encontramos
Em terras tão distantes e eras Tu
Caminho aberto à vida,
Sangue derramado por amor.

É bom cantar, é bom louvar a Deus.
É vida, é fonte de água pura.
É bom cantar, é bom louvar a Deus.
É amor, é chama ardente em nós.
Aqui, é Jesus que habita em nós.

Ouvimos a Tua voz,
Entre passos de silêncio, sem saber Que eras
Tu em vida
Dando força ao nosso caminhar.
Mares de alegria,
Felicidade imensa de encontrar,
Um Deus que é peregrino
Dado aqui em pão de eternidade.

É bom cantar, é bom louvar a Deus.
É vida, é fonte de água pura.
É bom cantar, é bom louvar a Deus.
É amor, é chama ardente em nós.
Aqui, é Jesus que habita em nós.

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AÇÃO DE GRAÇAS
Senhor, eu não quero sentir
que o Teu mandamento de amor
é só uma obrigação,
mas que ele venha de dentro.
Eu quero ser Teu instrumento
Senhor, quero ser feliz
amando os meus irmãos
de uma forma natural.
Quero sorrir e quero chorar
com o que me deste para desfrutar.

Amar, eu quero aprender a amar
Porque eu nasci pr’amar
Ao dar-me o Teu sopro divino
Marcaste-me com o Teu ideal.
Amar, eu quero aprender a amar
Porque eu nasci pr’amar
Para saber que estou vivo
Porque há algo Teu que eu sei dar:
O amor.

Senhor, quero descobrir
que há algo que me deste
que posso partilhar.
E abraçar confiante a vida
sabendo que vou fazer-Te feliz.

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FINAL
Accolgo nel mio cuore
Con il battito degli altri
Che ti chiamano per nome
Dalle labbra e con i fatti ancora
Oggi ancora

Non sei una vecchia storia
Vivi nelle nostre scelte alle vite hai appeso un filo
Sveli sempre la magia

Nel bene che scopre nel buio il talento
Seguendo il profumo
Nella gioia

Vivi in noi don bosco
Bellezza che travolge l’anima
Inspirando ci siam noi don bosco
Speranza viva per l’umanità
Nel tempo e nell’eternità

Vivi in noi don bosco
Nel tempo e nell’eternità

Amico vieni insieme a noi
C’è davanti una missione
Sogno di felicità nei sorrisi di chi cerca
Nel bene che scopre nel buio il talento
Seguendo il profumo
Nella gioia

Vivi in noi don bosco
Bellezza che travolge l’anima
Inspirando ci siam noi don bosco
Speranza viva per l’umanità
Nel tempo e nell’eternità

Un sogno autentico
Forza e passione tra
Ravviva i cuori di chi
Testimonia il tuo nome
Vivi in noi don bosco
Siamo noi don bosco

Vivi in noi don bosco
Inspirando ci siam noi don bosco
Speranza viva per l’umanità
Nel tempo e nell’eternità
Vivi in noi don bosco
Nel tempo e nell’eternità

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Somos MJS

Somos MJS
Com D. Bosco, na Alegria
Somos MJS (bis)

Há um caminho que nos leva ao Paraíso,
Uma certeza neste nosso caminhar:
Jovens alegres, abraçando o universo,
Um canto novo pelo nosso ideal.

Já está bem certo que a meta é possível.
Acreditamos e sentimos que é real:
Jovens alegres, numa luta pela vida,
Num canto novo, numa luta contra o mal

Meditações Terço do Rosário

MISTÉRIOS GLORIOSOS

PRIMEIRO MISTÉRIO: Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo

Paulo e Barnabé, iam fortalecendo os discípulos, exortando-os a permanecerem firmes na fé, porque, diziam eles, temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus (Cf. Act 14, 22).

O Papa Francisco afirma: “Se a Igreja inteira assume este dinamismo missionário, há de chegar a todos, sem exceção. Mas, a quem deveria privilegiar? Aos pobres e aos doentes, àqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos. Há que afirmar sem rodeios que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres. Não os deixemos jamais sozinhos!” (EG, 48)

Rezemos para que a Igreja, Peregrina de Esperança, continue a sua transformação missionária.

 

SEGUNDO MISTÉRIO: Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo ao Céu

Ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: “Esta é a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles: eles serão o seu povo, e o próprio Deus, estará com eles e será o seu Deus… Afirmou ainda: “Eu renovo todas as coisas” (Ap 21, 3.5.)

O Papa Francisco afirma: “… é possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida. No mundo de hoje há inúmeros sinais da sede de Deus, do sentido último da vida. Há sobretudo a necessidade de pessoas de fé que, com as suas próprias vidas, indiquem o caminho do Céu, mantendo assim viva a esperança. Somos chamados a ser pessoas-cântaro para dar de beber aos outros. Às vezes o cântaro transforma-se numa pequena cruz, mas foi precisamente na Cruz que o Senhor, trespassado, se nos entregou como fonte de água-viva. Não deixemos que nos roubem a esperança” (EG, 86)

Rezemos para que Igreja se mantenha firme no seu compromisso missionário.

 

TERCEIRO MISTÉRIO: Descida do Espírito Santo sobre Maria Santíssima e os Apóstolos reunidos em oração no Cenáculo.

“Fui-vos revelando estas coisas enquanto tenho permanecido convosco; mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há de recordar-vos tudo o que Eu vos disse.” (Jo 14, 25-26).

O Papa Francisco afirma: Todos somos discípulos missionários. “Que ninguém renuncie ao seu compromisso de evangelização, porque, se uma pessoa experimentou verdadeiramente o amor de Deus que o salva não precisa de muito tempo de preparação para sair a anunciá-lo, não pode esperar que lhe deem muitas lições ou longas instruções. Cada cristão, cada cristã, é missionário/a na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus. Devemos dizer sempre: somos “discípulos missionários” (EG, 120).

Rezemos para que a Igreja, Povo de Deus, anuncie corajosamente o Evangelho.

 

QUARTO MISTÉRIO: Assunção da Virgem Santíssima ao Céu em corpo e alma

Apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de Sol, com a Lua debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça. Estava grávida e gritava com as dores de parto e o tormento de dar à luz (Ap 12, 1-2). Maria é a Mãe de Jesus, que veio dar a vida para a todos salvar.

O Papa Francisco afirma: “Os migrantes representam um desafio especial para mim, por ser Pastor de uma Igreja sem fronteiras que se sente mãe de todos” (EG,210). “Somos convidados a dar razão da nossa esperança. A advertência é muito clara: fazei-o com ‘mansidão e respeito’ (1Pe 3,16) e – tanto quanto possível e de vós dependa -, vivei em paz com todos” (Rm 12,18). E somos incentivados também a vencer “o mal com o bem” (Rm 12,21). Cada um de nós é “uma missão nesta terra, e para isso está neste mundo” (EG, 273). “Assim experimentaremos a alegria missionária de partilhar a vida com o povo fiel a Deus, procurando acender o fogo no coração do mundo” (EG, 271).

Rezemos para que a Igreja, Povo de Deus, faça chegar o Evangelho a todos as Periferias que anseiam pela verdadeira libertação que só Cristo Jesus pode dar ao coração humano.

 

QUINTO MISTERIO: Coroação de Nossa Senhora no Céu como Rainha dos Anjos e dos Santos

Junto à Cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho!”. Depois, disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua. (Jo 19, 25-27)

O Papa Francisco afirma: “Jesus quer evangelizadores com espírito, isto é, que ‘rezem e trabalhem’ (EG,262) e anunciem a Boa Nova não só com palavras, mas com uma vida transfigurada pela presença de Deus” (EG, 259). Juntamente com o Espírito Santo, Maria tornou possível a explosão missionária que se deu no Pentecostes. Ela é a Mãe da Igreja evangelizadora e, sem ela, não podemos compreender o espírito da nova evangelização (EG, 284).

Rezemos para que, como Maria, todos os evangelizadores se abram sem medo, à ação do Espírito Santo.                                                                                                             

 

 

Via sacra

Introdução
O caminho para o Calvário passa pelas estradas do nosso dia-a-dia. Nós vamos, Senhor, normalmente na direção oposta à vossa. Por isso mesmo, pode acontecer que encontremos o vosso rosto e que cruzemos com o vosso olhar. Caminhamos como de costume e Vós vindes ao nosso encontro. Os vossos olhos leem-nos o nosso coração. Hesitamos, então, em continuar como se nada tivesse acontecido. Podemos dar meia-volta, olhar para Vós e seguir-vos. Podemos identificar-nos com o vosso caminho e perceber que é melhor mudar de rumo.

Do Evangelho segundo São Marcos (10, 21)
Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele e disse: «Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me».
Jesus é o vosso nome e verdadeiramente em Vós «Deus salva». O Deus de Abraão que chama, o Deus de Isaac que provê, o Deus de Jacob que abençoa, o Deus de Israel que liberta: no vosso olhar, Senhor, que percorreis Jerusalém, há toda uma revelação. Nos vossos passos que saem da cidade está o nosso êxodo para uma nova terra. Viestes para mudar o mundo: para nós isso significa mudar de direção, ver a bondade das vossas pegadas, deixar trabalhar no nosso coração a memória do vosso olhar.

A Via-Sacra é a oração de quem está em movimento. Interrompe os nossos caminhos habituais, para que do cansaço passemos à alegria. É verdade que nos custa trilhar o caminho de Jesus: neste mundo que tudo calcula, a gratuidade tem um preço elevado. No dom gratuito, porém, tudo volta a florescer: uma cidade dividida em fações e dilacerada por conflitos caminha em direção à reconciliação; uma religiosidade estéril redescobre a fecundidade das promessas de Deus; até um coração de pedra pode transformar-se num coração de carne. Basta ouvir o convite: “Vem e segue-me!”, e confiar nesse olhar de amor.

Primeira Estação
Jesus é condenado à morte

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 13-16)
Pilatos convocou os sumos sacerdotes, os chefes e o povo e disse-lhes: «Trouxestes este homem à minha presença como se andasse a revoltar o povo. Interroguei-o diante de vós e não encontrei nele nenhum dos crimes de que o acusais. Herodes tão-pouco, visto que no-lo mandou de novo. Como vedes, Ele nada praticou que mereça a morte. Vou, portanto, libertá-lo, depois de o castigar».

Não foi assim que aconteceu. Pilatos não vos libertou. E, no entanto, poderia ter sido diferente. É o jogo dramático da nossa liberdade. Aquilo pelo qual, Senhor, tanto nos estimastes. Confiastes em Herodes, em Pilatos, nos amigos e nos inimigos. Sois irrevogável na confiança com que vos colocais nas nossas mãos. Disso podemos tirar consequências maravilhosas: libertando quem é injustamente acusado, aprofundando a complexidade das situações, contrariando os juízos que matam. Até Herodes poderia ter seguido a santa inquietação que o atraiu a Vós; mas não o fez, nem mesmo quando finalmente esteve na vossa presença. Pilatos poderia ter-vos libertado: já vos tinha absolvido. Mas não o fez. O caminho da cruz, Jesus, é uma possibilidade que já abandonámos demasiadas vezes. Confessamo-lo: prisioneiros de ocupações que não quisemos abandonar, preocupados com o inconveniente de uma mudança de direção. Vós continuais, silenciosamente, diante de nós: em cada irmã e irmão expostos a julgamentos e preconceitos. Regressam os argumentos religiosos, as querelas jurídicas, o aparente bom senso que não se envolve no destino dos outros: inúmeras razões nos puxam para o lado de Herodes, dos sacerdotes, de Pilatos e da multidão. Contudo, pode ser diferente. Vós, Senhor Jesus, não lavais as mãos. Continuais a amar, em silêncio. Fizestes a vossa escolha, e agora é a nossa vez.

Oremos dizendo: Abri o meu coração, Jesus

Quando diante de mim há uma pessoa julgada
Abri o meu coração, Jesus

Quando as minhas certezas são preconceitos.
Abri o meu coração, Jesus

Quando estou condicionado pela rigidez.
Abri o meu coração, Jesus

Quando o bem me atrai secretamente.
Abri o meu coração, Jesus

Quando desejo ser corajoso, mas tenho medo de perder.
Abri o meu coração, Jesus

Segunda Estação
Jesus carrega a cruz

Do Evangelho segundo São Lucas (9, 43b-45)
Estando todos admirados com tudo o que Ele fazia, Jesus disse aos seus discípulos: «Prestai bem atenção ao que vou dizer-vos: O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens». Eles, porém, não entendiam aquela linguagem, porque lhes estava velada, de modo que não compreendiam e tinham receio de o interrogar a esse respeito.

Durante meses, talvez por anos, Senhor Jesus, aquele fardo estava sobre os vossos ombros. Quando faláveis dele, ninguém vos prestava atenção: uma resistência invencível, até mesmo para intuir. Não procurastes a cruz, mas, de modo cada vez mais evidente, sentistes que ela se aproximava de vós. Se a aceitastes, foi porque, além do peso, sentíeis a responsabilidade. O caminho da vossa cruz, Senhor Jesus, não é apenas uma subida. É a vossa descida em direção àqueles que amastes, ao mundo amado por Deus. É uma resposta, um assumir a responsabilidade. Custa, como custam as relações mais verdadeiras, os amores mais bonitos. O peso que carregais fala-nos do sopro que vos move, do Espírito que é “Senhor que dá a vida”. Quem sabe por que razão, sobre isto, tememos até mesmo de vos interrogar. Na realidade, somos nós que estamos sem fôlego, por fugirmos à responsabilidade. Bastaria não fugir e ficar: no meio daqueles que nos destes, nos contextos em que nos colocastes. Relacionarmo-nos, sentindo que só assim deixamos de ser prisioneiros de nós próprios. O egoísmo pesa mais do que a cruz e a indiferença mais do que a partilha. O profeta tinha-o anunciado: «Até os adolescentes se cansam e se fatigam e os jovens tropeçam e vacilam. Mas aqueles que confiam no Senhor renovam as suas forças. Têm asas como a águia, correm sem se cansar, marcham sem desfalecer» (cf. Is 40, 30-31).

Oremos dizendo: Livrai-nos do cansaço, Senhor

Se nos afadigamos em torno a nós próprios.
Livrai-nos do cansaço, Senhor

Se parece que nos faltam as forças para nos dedicarmos aos outros.
Livrai-nos do cansaço, Senhor

Se arranjamos desculpas para fugir à responsabilidade.
Livrai-nos do cansaço, Senhor

Se temos talentos e capacidades para pôr à disposição.
Livrai-nos do cansaço, Senhor

Se o nosso coração ainda se comove diante das injustiças.
Livrai-nos do cansaço, Senhor

Terceira Estação
Jesus cai pela primeira vez

Do Evangelho segundo São Lucas (10, 13-15)
«Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidónia se tivessem operado os milagres que entre vós se realizaram, de há muito que teriam feito penitência, vestidas de saco e na cinza. Por isso, no dia do juízo, haverá mais tolerância para Tiro e Sidónia do que para vós. E tu, Cafarnaúm, porventura serás exaltada até ao céu? É até ao inferno que serás precipitada».

Foi como se, pela primeira vez, tivesses tocado o fundo do poço, Senhor Jesus, e de vós saíram palavras duras para aqueles lugares que vos eram tão queridos. A semente da vossa palavra parecia ter caído no vazio, assim como cada um dos vossos gestos de libertação. Todos os profetas se sentiram cair no vazio do fracasso, para depois novamente avançar nos caminhos de Deus. A vossa vida, Senhor Jesus, é uma parábola: nunca cai em vão na nossa terra. Mesmo naquela primeira vez, a desilusão foi logo interrompida pela alegria daqueles que havíeis enviado: eles regressaram da missão e contaram-vos os sinais do Reino de Deus. Então, espontaneamente, exultastes de alegria transbordante, que faz saltar com uma energia contagiante. Bendissestes o Pai, que esconde os seus desígnios aos sábios e inteligentes e os revela aos pequeninos. Também o caminho da Cruz está marcado a fundo na terra: os grandes afastam-se dele, gostariam de tocar o céu. Em vez disso, o céu está aqui, abaixado, encontramo-lo mesmo caindo, permanecendo no chão. Os construtores de Babel dizem-nos que não se pode errar e que quem cai está perdido. É o canteiro de obras do inferno. A economia de Deus, pelo contrário, não mata, nem descarta, nem esmaga. É humilde, fiel à terra. O vosso caminho, Senhor Jesus, é a via das bem-aventuranças. Não destrói, mas cultiva, repara, guarda.

Oremos dizendo: Venha a nós o Vosso Reino

Para aqueles que se sentem fracassados.
Venha a nós o Vosso Reino

Para contrastar uma economia que mata.
Venha a nós o Vosso Reino

Para dar força aos que caíram.
Venha a nós o Vosso Reino

Nas sociedades competitivas e para quem procura os primeiros lugares.
Venha a nós o Vosso Reino

Para os que estão nas fronteiras e sentem terminada a viagem.
Venha a nós o Vosso Reino

Quarta Estação
Jesus encontra a sua Mãe

Do Evangelho segundo São Lucas (8, 19-21)
Sua mãe e seus irmãos vieram ter com Ele, mas não podiam aproximar-se por causa da multidão. Anunciaram-lhe: «Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te». Mas Ele respondeu-lhes: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática».

No caminho da cruz, a vossa Mãe está presente: ela foi a vossa primeira discípula. Ali está a vossa Mãe, com delicada determinação, com a sua inteligência que guarda e medita tudo no coração. Desde o momento em que lhe foi proposto acolher-vos no seu seio, ela voltou-se, converteu-se a vós. Ela ajustou os seus caminhos aos vossos. Não foi uma renúncia, mas uma descoberta contínua, até ao Calvário: seguir-vos é deixar-vos ir; ter-vos é dar lugar à vossa novidade. Todas as mães o sabem: um filho surpreende. Como Filho amado, reconheceis que a vossa Mãe e os vossos irmãos são aqueles que escutam e se deixam transformar. Eles não falam, eles fazem. Em Deus, as palavras são ações, as promessas são realidade: no caminho da cruz, ó Mãe, sois das poucas que se lembram disto. Agora é o Filho que precisa de vós: Ele sente que vós não desesperais. Sente que continuais a gerar a Palavra no vosso seio. Também nós, Senhor Jesus, somos capazes de vos seguir, gerados por quem vos seguiu. Também nós somos reinseridos no mundo pela fé da vossa Mãe e de inúmeras testemunhas que geram a vida mesmo onde tudo fala de morte. Daquela vez, na Galileia, eram eles que vos queriam ver. Agora, ao subires ao Calvário, vós mesmo procurais o olhar de quem escuta e põe em prática. Compreensão indizível. Aliança indissolúvel.

Oremos dizendo: Eis a minha mãe

Maria escuta e fala.
Eis a minha mãe

Maria pergunta e medita.
Eis a minha mãe

Maria sai de casa e viaja com determinação.
Eis a minha mãe

Maria alegra-se e consola.
Eis a minha mãe

Maria acolhe e cuida.
Eis a minha mãe

Maria arrisca e protege.
Eis a minha mãe

Maria não teme julgamentos e insinuações.
Eis a minha mãe

Maria espera e permanece.
Eis a minha mãe

Maria orienta e acompanha.
Eis a minha mãe

Maria não concede nada à morte.
Eis a minha mãe

Quinta Estação
Jesus é ajudado pelo Cireneu a carregar a cruz

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 26)
Quando o iam conduzindo, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que voltava do campo, e carregaram-no com a cruz, para a levar atrás de Jesus.

Ele não se ofereceu, lançaram mão dele. Simão regressava do seu trabalho e puseram-lhe aos ombros a cruz de um condenado. Talvez tivesse o físico apropriado, mas certamente o seu caminho era outro, e outra a sua agenda. Deus pode surpreender-nos assim. Sabe-se lá, Senhor Jesus, por que razão aquele nome – Simão de Cirene – depressa se tornou inesquecível entre os vossos discípulos. No caminho da cruz, eles não estavam lá, e muito menos nós, mas Simão estava. Isto é verdade até hoje: enquanto alguém se oferece por inteiro, pode-se estar noutro lugar, até mesmo a fugir, ou pode-se acabar envolvido no evento. Acreditamos, Senhor Jesus, que o nome de Simão é recordado porque esse acontecimento inesperado o fez mudar para sempre. Já não deixou de pensar em Vós. Tornou-se parte do vosso corpo, testemunha em primeira mão da vossa diferença em relação a qualquer outro condenado. Simão de Cirene viu-se a carregar a vossa cruz sem a ter pedido, como o jugo de que tinhas falado um dia: «O meu jugo é suave e o meu fardo é leve» (Mt 11, 30). Até os animais trabalham melhor se caminham juntos. E Vós, Senhor Jesus, gostais de nos envolver no vosso trabalho, lavrando a terra para que seja semeada de novo. Precisamos dessa surpreendente leveza. Precisamos de quem nos faça parar, por vezes, e nos ponha aos ombros um pedaço de realidade que simplesmente tem de ser carregado. É possível trabalhar todo o dia, mas, sem Vós, tudo se dispersa. Em vão trabalham os construtores, em vão vigiam as sentinelas da cidade que Deus não edifica (cf. Sl 127). Eis que no caminho da cruz se ergue a nova Jerusalém. E nós, como Simão de Cirene, mudemos de rumo e trabalhemos convosco.

Oremos dizendo: Parai a nossa corrida, Senhor

Quando seguimos o nosso caminho, sem olhar ninguém.
Parai a nossa corrida, Senhor

Quando as notícias não nos comovem mais.
Parai a nossa corrida, Senhor

Quando as pessoas se tornam números.
Parai a nossa corrida, Senhor

Quando nunca há tempo para ouvir.
Parai a nossa corrida, Senhor

Quando estamos com pressa para decidir.
Parai a nossa corrida, Senhor

Quando não admitimos mudança de planos.
Parai a nossa corrida, Senhor

Sexta Estação
Verónica enxuga o rosto de Jesus

Do Evangelho segundo São Lucas (9,29-31)
Enquanto orava, o aspecto do seu rosto modificou-se, e as suas vestes tornaram-se de uma brancura fulgurante. E dois homens conversavam com Ele: Moisés e Elias, os quais, aparecendo rodeados de glória, falavam da sua morte, que ia acontecer em Jerusalém.

Do Livro dos Salmos (27, 8-9a)
O meu coração murmura por ti, os meus olhos te procuram;
é a tua face que eu procuro, Senhor. Não desvies de mim o teu rosto.

Senhor Jesus, no vosso rosto vemos o vosso coração. A vossa decisão vê-se nos olhos, define o vosso rosto, faz dos vossos traços uma expressão de atenção inconfundível. Como vos apercebeis da Verónica, assim vos apercebeis de mim. Procuro o vosso rosto, que revela a decisão de nos amardes até ao último suspiro, e mesmo para além dele, pois o amor é forte como a morte (cf. Ct 8, 6). O que muda o nosso coração é o vosso rosto, que eu gostaria de contemplar e guardar. Vós vos entregais a nós, dia após dia, no rosto de cada ser humano, memória viva da vossa encarnação. Sempre que nos voltamos para o menor dos nossos irmãos, damos atenção aos vossos membros e Vós permaneceis conosco. Assim, iluminais o nosso coração e a expressão do nosso rosto. Em vez de rejeitarmos, passamos a acolher. No caminho da cruz, o nosso rosto, como o vosso, pode finalmente tornar-se radiante e espalhar bênçãos. Gravastes em nós a lembrança disso, um presságio do vosso regresso, quando nos reconhecereis à primeira vista, um a um. Então, talvez nos assemelhemos a Vós. E estaremos face a face, num diálogo sem fim, na intimidade da qual nunca nos cansaremos: a família de Deus.

Oremos dizendo: Imprimi em nós a vossa memória, Senhor

Se o nosso rosto não tem expressão.
Imprimi em nós a vossa memória, Senhor

Se o nosso coração está distante.
Imprimi em nós a vossa memória, Senhor

Se os nossos gestos dividem.
Imprimi em nós a vossa memória, Senhor

Se as nossas escolhas ferem.
Imprimi em nós a vossa memória, Senhor

Se os nossos projetos excluem.
Imprimi em nós a vossa memória, Senhor

Sétima Estação
Jesus cai pela segunda vez

Do Evangelho segundo São Lucas (15, 2-6)
Os fariseus e os doutores da Lei murmuravam entre si, dizendo: «Este acolhe os pecadores e come com eles». Jesus propôs-lhes, então, esta parábola: «Qual é o homem dentre vós que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai à procura da que se tinha perdido, até a encontrar? Ao encontrá-la, põe-na alegremente aos ombros e, ao chegar a casa, convoca os amigos e vizinhos e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida’».

Cair e levantar-se; cair e voltar a levantar-se. Foi assim, Senhor Jesus, que nos ensinastes a entender a aventura da vida humana. Humana porque é aberta. Nós não permitimos que as máquinas cometam erros: pretendemos que sejam perfeitas. As pessoas, pelo contrário, vacilam, distraem-se, perdem-se. Porém, conhecem a alegria: a dos recomeços, dos renascimentos. Os seres humanos não nascem de modo mecânico, mas artesanal: somos peças únicas, um entrelaçamento de graça e responsabilidade. Senhor, fizestes-vos um de nós, não tivestes medo de tropeçar e de cair. Aqueles que se envergonham disso, aqueles que ostentam a infalibilidade, aqueles que escondem as suas próprias quedas e não perdoam as dos outros negam o caminho que escolhestes. Vós sois, Senhor Jesus, o Senhor da alegria. Em Vós, somos todos reencontrados e conduzidos a casa, como a única ovelha que se tinha perdido. É desumana a economia em que noventa e nove valem mais do que um. E apesar disso, construímos um mundo que funciona assim: um mundo de cálculos e algoritmos, de lógicas frias e interesses implacáveis. A lei da vossa casa, Senhor, a economia divina é outra coisa. Voltar-se para Vós, que caís e voltais a levantar-vos, é uma mudança de rumo e uma mudança de ritmo. Conversão que devolve a alegria e nos leva a casa.

Oremos dizendo: Levantai-nos, ó Deus, nossa salvação

Somos crianças que por vezes choram.
Levantai-nos, ó Deus, nossa salvação

Somos adolescentes que se sentem inseguros.
Levantai-nos, ó Deus, nossa salvação

Somos jovens que muitos adultos desprezam.
Levantai-nos, ó Deus, nossa salvação

Somos adultos que cometeram erros.
Levantai-nos, ó Deus, nossa salvação

Somos idosos que ainda querem sonhar.
Levantai-nos, ó Deus, nossa salvação

Oitava Estação
Jesus encontra-se com as mulheres de Jerusalém

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 27-31)
Seguiam Jesus uma grande multidão de povo e umas mulheres que batiam no peito e se lamentavam por Ele. Jesus voltou-se para elas e disse-lhes: «Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos; pois virão dias em que se dirá: ‘Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram.’ Hão de, então, dizer aos montes: ‘Caí sobre nós!’ E às colinas: ‘Cobri-nos!’ Porque, se tratam assim a árvore verde, o que não acontecerá à seca?».

Sempre reconhecestes nas mulheres, Senhor Jesus, uma semelhança especial com o coração de Deus. É por isso que, na grande multidão de pessoas que mudaram de direção e vos seguiram naquele dia, vistes imediatamente as mulheres e, uma vez mais, estabelecestes com elas uma especial empatia. A cidade é diferente quando se levam os seus habitantes no colo, quando os seus filhos se amamentam: quando, em suma, não se conhece apenas a lógica do domínio, mas se experimentam as coisas a partir do seu interior. Vós atingis o coração das mulheres que, por dever, cumprem o ritual da compaixão. É no coração, efetivamente, que se interconectam os acontecimentos e nascem os pensamentos e as decisões. «Não choreis por mim». O coração de Deus vibra pelo seu povo, gera uma nova cidade: «Chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos». Com efeito, há um choro no qual tudo renasce. Mas são necessárias lágrimas de reflexão, das quais não nos devemos envergonhar, lágrimas que não devem ser mantidas em segredo. A nossa convivência ferida, Senhor, neste mundo despedaçado, precisa das lágrimas sinceras, não das de circunstância. Caso contrário, verifica-se o que os apocalípticos previram: não geramos mais nada e, logo, tudo se desmorona. A fé, pelo contrário, move montanhas. Os montes e as colinas não caem sobre nós, mas no meio deles, abre-se uma estrada. É a vossa estrada, Senhor Jesus: um caminho íngreme, no qual os apóstolos vos abandonaram, mas as vossas discípulas – mães da Igreja – vos seguiram.

Oremos dizendo: Dai-nos um coração de mãe, Senhor

Povoastes com santas mulheres a história da Igreja.
Dai-nos um coração de mãe, Senhor

Repudiastes a prepotência e o domínio.
Dai-nos um coração de mãe, Senhor

Recolhestes e consolastes as lágrimas das mães.
Dai-nos um coração de mãe, Senhor

Confiastes às mulheres a boa nova da Ressurreição.
Dai-nos um coração de mãe, Senhor

Inspirastes na Igreja novos carismas e sensibilidades.
Dai-nos um coração de mãe, Senhor

Nona Estação
Jesus cai pela terceira vez

Do Evangelho segundo São Lucas (7, 44-49)
[Jesus] disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu-me os pés com perfume. Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama». Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados». Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?».

Não apenas uma ou duas vezes, Senhor Jesus: Vós continuais a cair. Caíeis já quando éreis criança, como todas as crianças. Assim, compreendestes e aceitastes a nossa humanidade, que cai e torna a cair. Se o pecado nos afasta, a vossa existência sem pecado aproxima-vos de cada pecador, une-vos indissoluvelmente às suas quedas. E isso leva à conversão. Escândalo para aqueles que se afastam dos outros e de si mesmos. Escândalo para quem vive dividido em dois, entre o que deveria ser e o que realmente é. Diante da vossa misericórdia, Senhor Jesus, cai toda a hipocrisia. As máscaras, as belas fachadas já não são necessárias. Deus vê o coração. Ele ama o coração. Aquece o coração. Por isso, me ergueis e me pondes novamente a caminho por vias nunca trilhadas, audazes, generosas. Quem sois, Senhor Jesus, que até os pecados perdoais? Novamente por terra, no caminho da cruz, sois o Salvador desta nossa terra. Não só a habitamos, mas somos formados a partir dela. Vós, por terra, continuais a moldar-nos, como um talentoso oleiro.

Oremos dizendo: Somos barro nas vossas mãos

Quando as coisas parecem não poder mudar, lembrai-nos:
Somos barro nas vossas mãos

Quando não se vê o fim dos conflitos, lembrai-nos:
Somos barro nas vossas mãos

Quando a tecnologia faz que nos julguemos onipotentes, lembrai-nos:
Somos barro nas vossas mãos

Quando os sucessos nos desconectam da terra, lembrai-nos:
Somos barro nas vossas mãos

Quando nos importa mais a aparência que o coração, lembrai-nos:
Somos barro nas vossas mãos

Décima Estação
Jesus é despojado das suas vestes

Do livro de Job (1, 20-22)
Então, Job levantou-se, rasgou as vestes e rapou a cabeça. Depois, prostrado por terra em adoração, disse: «Saí nu do ventre da minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor mo deu, o Senhor mo tirou; bendito seja o nome do Senhor!». Em tudo isto, Job não cometeu pecado, nem proferiu contra Deus nenhuma insensatez.

Não vos despis, sois despojado das vestes. A diferença é clara para todos nós, Senhor Jesus. Só quem nos ama pode acolher a nossa nudez nas suas mãos e no seu olhar. Pelo contrário, tememos o olhar de quem não nos conhece e só sabe possuir. Vós sois desnudado e exposto diante de todos, mas até a humilhação transformais em familiaridade. Quereis revelar-vos íntimo até mesmo daqueles que vos destroem, olhais para aqueles que vos despojam das vestes como os amados que o Pai vos deu. Há aqui mais do que a paciência de Job, muito mais do que a sua fé. Em Vós está o Esposo que se deixa tomar, tocar e transforma tudo em bem. Deixai-nos as vossas vestes, como relíquias de um amor consumado. Estão nas nossas mãos, pois estivestes na nossa casa e entre nós. Nós mantivemos em nosso poder as vossas vestes e agora lançamo-las à sorte. Porém, a sorte, aqui, não é favorável só a um, mas a todos. Vós conhecei-nos um a um, para salvar a todos: a todos! E se, para Vós, a Igreja se apresenta hoje como uma túnica rasgada, ensinai-nos a tecer de novo a nossa fraternidade, fundada no vosso dom. Somos o vosso corpo, a vossa túnica inconsútil, a vossa Esposa. Somo-lo juntos. Para nós, a sorte caiu em lugares aprazíveis; a nossa herança é preciosa (cf. Sl 16, 6).

Oremos dizendo: Dai à vossa Igreja paz e unidade

Senhor Jesus, que vedes os vossos discípulos divididos:
Dai à vossa Igreja paz e unidade

Senhor Jesus, que carregais as feridas da nossa história:
Dai à vossa Igreja paz e unidade

Senhor Jesus, que conheceis a fragilidade dos nossos amores:
Dai à vossa Igreja paz e unidade

Senhor Jesus, que nos quereis membros do vosso corpo:
Dai à vossa Igreja paz e unidade

Senhor Jesus, que vestis a túnica da misericórdia:
Dai à vossa Igreja paz e unidade

Décima primeira Estação
Jesus é pregado na cruz

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 32-34a)
Levavam também dois malfeitores, para serem executados com Ele. Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-no a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem».

Nada nos assusta mais do que a imobilidade. E Vós estais pregado, imobilizado, preso. Mas estais com outros: nunca sozinho e sempre determinado a revelar-vos, até mesmo na cruz, como o Deus conosco. A revelação não fica parada, não se deixa pregar. Vós, Senhor Jesus, mostrai-nos que em cada circunstância há uma escolha a fazer. Esta é a vertigem da liberdade. Nem sequer na cruz sois neutralizado: Vós decidis por quem ali estais. Dais atenção a um e a outro dos crucificados convosco: deixais passar os insultos de um e acolheis a invocação do outro. Dais atenção àquele que vos crucifica e sabeis ler o coração daquele que não sabe o que está a fazer. Prestais atenção ao céu: gostaríeis que fosse mais claro, mas rompeis a barreira das trevas com a luz da intercessão. Pregado na cruz, em realidade, intercedeis: colocai-vos entre as partes, entre os opostos. E os levai a Deus, porque a vossa cruz derruba muros, perdoa dívidas, anula julgamentos, estabelece a reconciliação. Vós sois o verdadeiro Jubileu. Convertei-nos a Vós, Senhor Jesus, que pregado ao madeiro tudo podeis.

Oremos dizendo: Ensinai-nos a amar

Quando temos forças e quando nos parece já não as ter:
Ensinai-nos a amar

Quando somos imobilizados por leis ou decisões injustas:
Ensinai-nos a amar

Quando somos confrontados por quem não quer a verdade e a justiça:
Ensinai-nos a amar

Quando nos sentimos tentados a perder a esperança:
Ensinai-nos a amar

Quando se diz que não há mais nada a fazer:
Ensinai-nos a amar

Décima segunda Estação
Jesus morre na cruz

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 45-49)
O Sol tinha-se eclipsado e o véu do templo rasgou-se ao meio. Dando um forte grito, Jesus exclamou: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito». Dito isto, expirou. Ao ver o que se passava, o centurião deu glória a Deus, dizendo: «Verdadeiramente, este homem era justo». E toda a multidão que se tinha aglomerado para este espetáculo, vendo o que acontecera, regressava batendo no peito. Todos os seus conhecidos e as mulheres que o tinham acompanhado desde a Galileia mantinham-se à distância, observando estas coisas.

No Calvário, onde estamos nós? Debaixo da cruz? A alguma distância? Longe? Ou talvez, como os apóstolos, nem sequer lá estamos. Vós expirais, e esta respiração, última e primeira, pede apenas para ser acolhida. Senhor Jesus, orientai os nossos caminhos para o vosso dom. Não permitais que o vosso sopro de vida se disperse. As nossas trevas procuram luz. Os nossos templos querem permanecer definitivamente abertos. Agora o Santo já não está por detrás do véu: o seu segredo é oferecido a todos. Percebe-o um soldado que, observando atentamente como morreis, reconhece uma nova força. Compreende-o a multidão que tinha gritado contra Vós: antes distante, encontra agora o espetáculo de um amor jamais visto, de uma beleza que faz acreditar de novo. Dais tempo àqueles que vos veem morrer, Senhor Jesus, para que regressem a bater no peito: atingindo o próprio coração a fim de que a sua dureza se desfaça. A nós, Senhor Jesus, que muitas vezes ainda vos vemos de longe, concedei que vivamos fazendo memória de Vós, para que um dia, quando vierdes, até mesmo a morte nos encontre vivos.

Oremos dizendo: Vinde Espírito Santo!

Mantivemo-nos distantes das chagas do Senhor:
Vinde Espírito Santo!

Diante do irmão caído, voltamo-nos para o outro lado:
Vinde Espírito Santo!

Os misericordiosos e os pobres de espírito parecem-nos fracassados:
Vinde Espírito Santo!

Crentes e não crentes estão em pé diante do crucifixo:
Vinde Espírito Santo!

O mundo inteiro procura um novo começo:
Vinde Espírito Santo!

Décima terceira Estação
Jesus é deposto da cruz

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 50-53a)
Um membro do Conselho, chamado José, homem reto e justo, não tinha concordado com a decisão nem com o procedimento dos outros. Era natural de Arimateia, cidade da Judeia, e esperava o Reino de Deus. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Descendo-o da cruz, envolveu-o num lençol.

Por fim, o vosso corpo está nas mãos de um homem bom e justo. Estais envolto no sono da morte, Senhor Jesus, mas, para se encarregar de Vós, há um coração vivo, que fez uma escolha. José não era daqueles que dizem e não fazem. «Não tinha concordado com a decisão nem com o procedimento dos outros», diz o Evangelho. E é uma boa notícia: quem vos abraça, Senhor Jesus, não abraçou a opinião comum. Encarrega-se de Vós alguém que se encarregou da própria responsabilidade. No colo de José de Arimateia, que «esperava o Reino de Deus», estais no vosso lugar, Senhor Jesus. Estais no vosso lugar entre aqueles que ainda têm esperança, entre aqueles que não se resignam a pensar que a injustiça é inevitável. Vós, Senhor Jesus, quebrais a cadeia do inevitável, quebrais os automatismos que destroem a casa comum e a fraternidade. Dais, àqueles que esperam o vosso Reino, a coragem de se apresentarem à autoridade: como Moisés ao Faraó, como José de Arimateia a Pilatos. Capacitai-nos para grandes responsabilidades, tornai-nos corajosos. Assim, morrestes e continuais a reinar. E para nós, Senhor Jesus, servir-vos é reinar.

Oremos dizendo: Servir-vos é reinar

Dando de comer aos famintos:
Servir-vos é reinar

Dando de beber aos sedentos:
Servir-vos é reinar

Vestindo os nus:
Servir-vos é reinar

Acolhendo os estrangeiros:
Servir-vos é reinar

Visitando os doentes:
Servir-vos é reinar

Visitando os prisioneiros:
Servir-vos é reinar

Sepultando os mortos:
Servir-vos é reinar

Décima quarta estação
Jesus é colocado no sepulcro

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 53-56)
Envolveu-o num lençol e depositou-o num sepulcro talhado na rocha, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. Era o dia da Preparação e já começava o sábado. Entretanto, as mulheres que tinham vindo com Ele da Galileia acompanharam José, observaram o túmulo e viram como o corpo de Jesus fora depositado. Ao regressar, prepararam aromas e perfumes; e, durante o sábado, observaram o descanso, conforme o preceito.

Num sistema que jamais se detém, Senhor Jesus, viveis o vosso sábado. Vivem-no também as mulheres, a quem os aromas e os perfumes gostariam de falar já de ressurreição. Ensinai-nos a não fazer nada, quando nos é pedido apenas para esperar. Educai-nos nos tempos da terra, que não são aqueles artificiais. Deposto no túmulo, Senhor Jesus, partilhais a condição que a todos nos iguala, e atingis as profundezas que tanto nos assustam. Vede como fugimos delas, multiplicando as nossas atividades. Andamos muitas vezes em vão, mas o sábado brilha com as suas luzes: educa-nos e pede-nos descanso. Vida divina, vida à escala humana, aquela que conhece a paz do sábado. «Cada um repousará debaixo da sua parreira e da sua figueira, sem que ninguém o amedronte» (Mq 4, 6), profetizou Miqueias. E Zacarias faz-lhe eco: «Naquele dia – oráculo do Senhor do universo – todo o homem convidará o seu vizinho sob a videira e a figueira» (cf. Zc 3, 10). Senhor Jesus, que pareceis dormir no mundo tempestuoso, levai-nos a todos para a paz do sábado. Então toda a criação nos aparecerá muito bela e boa, destinada à ressurreição. E haverá paz sobre o teu povo e entre todas as nações.

Oremos dizendo: Venha a vossa paz

Para a terra, o ar e as águas:
Venha a vossa paz

Para os justos e os injustos:
Venha a vossa paz

Para quem é invisível e não tem voz:
Venha a vossa paz

Para quem não possui poder nem dinheiro:
Venha a vossa paz

Para quem espera que brote um rebento de justiça:
Venha a vossa paz

Invocação final
«“Laudato si’, mi’ Signore – Louvado sejas, meu Senhor”, cantava São Francisco de Assis. Neste gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar a uma irmã […]. Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos» (Carta Enc. Laudato si’, 1-2).

«“Fratelli Tutti”: escrevia São Francisco de Assis, dirigindo-se a seus irmãos e irmãs para lhes propor uma forma de vida com sabor a Evangelho». (Carta Enc. Fratelli tutti, 1)

«“Amou-nos”, diz São Paulo referindo-se a Cristo […], para nos ajudar a descobrir que nada “será capaz de separar-nos” desse amor». (Carta Enc. Dilexit nos, 1).

Percorremos a Via-Sacra; voltámo-nos para o amor do qual nada nos pode separar. Agora, enquanto o Rei dorme e um grande silêncio desce sobre toda a terra, fazendo nossas as palavras de São Francisco, invoquemos o dom da conversão do coração.

Deus altíssimo e glorioso,
iluminai as trevas do meu coração.
Dai-me fé reta,
esperança certa,
caridade perfeita
e profunda humildade.
Dai-me, Senhor, sabedoria e discernimento
para cumprir a vossa verdadeira e santa vontade.
Ámen.

Sugestões de visita

RECINTO DO SANTUÁRIO

1 | Capelinha das aparições
A construção da Capelinha foi a resposta ao pedido de Nossa Senhora “quero que façam aqui uma capela em minha honra”. Construída no local das aparições em 1919, de 28 de abril a 15 de Junho. O pedestal, onde se encontra a Imagem de Nossa Senhora, marca o sítio exato onde estava a pequena azinheira (desaparecida devido à devoção dos primeiros peregrinos que a levaram raminho a raminho). Em 1982 foi alvo de requalificação, tendo sido inaugurado aquando da visita do Papa João Paulo II, em 12 de maio desse ano.

2 | Azinheira
Uma árvore monumental que é em Fátima um símbolo sagrado; é uma azinheira centenária da propriedade dos pais de Lúcia na Cova da Iria, à sombra da qual se abrigavam os três pastorinhos recitando o rosário, enquanto esperavam as aparições de Nossa Senhora, em 1917. A que contemplamos hoje não é a azinheira sobre a qual apareceu Nossa Senhora, pois essa foi “levada” aos poucos pelos muitos peregrinos que queriam uma recordação das aparições de Fátima.

3 | Basílica de Nossa Senhora do Rosário
Ergue-se no local onde, a 13 de maio de 1917, os três pastorinhos brincavam, quando, de repente, viram um relâmpago que os assustou e fez com que juntassem o rebanho para regressarem a casa. A 13 de maio de 1928 foi benzida a primeira pedra e foi sagrada a 7 de outubro de 1953.
Dentro desta Basílica podemos ver (e rezar diante) os túmulos dos três videntes de Fátima, os santos Francisco e Jacinta Marto e a Ir. Lúcia de Jesus.

4 | Basílica da Santíssima Trindade
Dedicada a 12 de outubro de 2007, a Igreja da Santíssima Trindade tem uma história longa. A intenção de a construir surgiu, em 1973, quando o Santuário de Fátima constatou a falta de um espaço para acolher os peregrinos. Várias razões contribuíram para que o templo fosse dedicado à Santíssima Trindade: as aparições do Anjo da Paz, com o seu insistente convite à adoração a Deus, Santíssima Trindade; as palavras do Papa João Paulo II que, na sua primeira visita a Fátima, elevou a sua ação de graças à Santíssima Trindade; e o Jubileu do Ano 2000, também dedicado à Santíssima Trindade.
O edifício tem forma circular, 125 metros de diâmetro, 18 metros de altura e tem nove mil lugares sentados.
Prestar atenção: imagem de Nossa Senhora de Fátima, no presbitério e ao grande Mosaico do Pe. Marko Ivan Rupnik, que retrata a glória do Paraíso. Nos quatro pontos cardeais da Basílica podemos encontrar quatro estátuas de figuras que marcaram a história de Fátima: os Papas Pio XII, Paulo VI e João Paulo II e o primeiro bispo da diocese de Leiria-Fátima, Dom José Alves Correia da Silva.

5 | Presépio
Da autoria de José Aurélio, foi inaugurado na madrugada de 25 de dezembro de 1999, início do Grande Jubileu do Ano 2000. Tem a forma de um triângulo, alusivo à Santíssima Trindade, com 5 metros de base e de altura, e é feito em chapa de aço inox perfurada..

6 | Capela da Adoração (ou do LausPerene)
O Santíssimo Sacramento está exposto para adoração no Santuário de Fátima, desde 1 de janeiro de 1960, sem interrupções. Desde o dia 13 de julho de 2008, o Lausperene passou a realizar-se na nova Capela do Santíssimo Sacramento, localizada no complexo da Basílica da Santíssima Trindade. Esta capela tem 200 lugares e é acessível durante a totalidade do dia, a partir da Galilé dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo. O ostensório, de prata, é da autoria do escultor Zulmiro de Carvalho e data de 1986.

7 | Colunata e Via-sacra
O conjunto arquitetónico que a Colunata constitui é obra de António Lino. Composta por 200 colunas e meias colunas e 14 altares, a Colunata integra uma Via-sacra, com painéis em cerâmica. Sobre a Colunata, veem-se 17 imagens. Algumas são de santos cujas congregações estão presentes em Fátima, outras daqueles santos que, pelos seus escritos e pregações, foram “apóstolos marianos”. Encontra-se também São João Bosco e São Domingos Sávio. As imagens grandes são de quatro santos portugueses: São Nuno de Santa Maria, Santo António de Lisboa, São João de Brito e São João de Deus.

8 | Muro de Berlim
Na entrada do Santuário, do lado sul, encontra-se um módulo de betão do Muro de Berlim (começado a construir na noite de 12 para 13 de agosto de 1961 e demolido a partir de 9 de novembro de 1989). Foi oferecido por intermédio de um emigrante português na Alemanha, e aqui colocado como grata recordação da intervenção de Deus, prometida em Fátima, na queda do comunismo. Foi inaugurado em 13 de agosto de 1994.

 

OUTROS LOCAIS

Valinhos
A 3 quilómetros da Cova da Iria é o local onde viviam Francisco, Jacinta e Lúcia. Ainda se podem visitar as casas dos pastorinhos. Foi também nos Valinhos que se deu a aparição de agosto de 1917 que, devido ao facto de os pastorinhos estarem presos, não aconteceu no dia 13 mas, sim, no dia 19.

Loca do Cabeço
Muito perto dos Valinhos este foi o local da primeira e da terceira aparição do anjo, em 1916.

Museu de cera
Este espaço conta, de forma dinâmica e atraente, a história das aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, bem como o desenvolvimento do culto a Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
A entrada tem um custo associado.

“Francisco”
Este coração gigante recorda a passagem do Papa Francisco por Fátima, em maio de 2017, na celebração do centenário das aparições. Representa o homem em caminho para o coração de Deus, guiado por Nossa Senhora.
A cruz representada com os ramos simboliza a difusão da fé católica.